Aviso: spoilers a seguir!
Quinto episódio da quarta temporada de Westworld: Zhuangzi
Zhuangzi é a hora de televisão mais interessante que já vi em muito tempo, não por seu conteúdo, mas sim por seu papel no escopo da série. Continuando as revelações da semana passada, mas agora mostrando novas perspectivas que, anteriormente, ficaram fora da apresentação em Generation Loss. O ponto principal do episódio é que Charlote Hale descobriu que existem alguns humanos que estão acordando – os chamados outliers – e isso está quebrando seu plano. Ela enviou vários robôs para tentar eliminar esses seres, mas logo descobriu que, por algum motivo, eles estão se matando. Isso faz com que ela peça que William vá resolver a situação, mas aí o cenário começa a mudar. William entra em contato com o último outlier e, antes de fazer qualquer coisa, é levado pela humana a questionar sua própria existência antes de ser resgatada pelos seus companheiros. A cena é forte e leva o episódio para mais um dos grandes momentos dessa temporada: a conversa da réplica com o William original, entubado, sobre o mundo em que vivem. É daqueles diálogos que, se você acompanha minhas resenhas semanais, sabe que eu acabo adorando por serem totalmente dentro do esperado e conhecido de Westworld como também engajantes e suficientemente bem escritos para criar minutos divertidos, embora densos, na série. O episódio também mostra Charlote em um momento bem interessante – em seu papel de deusa dessa realidade, controlando vontades de seus servos, ela faz com que, na praça principal do parque, uma dança conjunta aconteça. O momento tem tons extremamente desconfortáveis, e como sempre especial destaque para a interpretação de Tessa Thompson, que vende sua personagem como alguém arrogante, assustadora, mas, nessa cena específica, como alguém também entediada após ter concluído seus planos. O mesmo, porém, não pode ser dito da outra narrativa principal do episódio. A trama de Christina com Teddy parece dividida em pedaços de outra série, principalmente pelo fato de que em todas as cenas de ambos em Zhuangzi, o que acontece é eles tentando chegar no mesmo ponto da narrativa em que o resto dos personagens estão. É destoante e, embora contenha importantes revelações, acaba prejudicando o capítulo. Toda essa caminhada para Christina entender que ela pode manipular as emoções e desejos dos humanos ao seu redor, porém, com certeza terá papel importante nos próximos três episódios, já que é um contraste direto com o que Charlorte faz. Só, talvez, poderia ter sido introduzido de forma diferente, quem sabe até mesmo no episódio anterior. O clímax, porém, se dá quando, perto da conclusão do episódio, ao ver que também pode controlar até mesmo sua chefe, Christina entra em uma sala de controle e descobre ser a responsável por escrever a vida de todos os humanos na cidade em que ela mora. O impacto disso na personagem ainda não foi mostrado, mas considerando que o episódio também mostrou a resistência humana progredindo em seus trabalhos para achar formas de entrar em conflito pelo controle, eu chutaria que nos próximos episódios veremos um encontro entre ambas as partes que resultará em uma união para entrar em conflito contra Charlotte. Continuando teorias, deixo um pequeno adendo aqui: o que Charlotte pode fazer com os humanos em controle é relacionado muito com a distância que eles estão dela, não parecendo existir um controle de área. Já Christina, por todas as evidências, parece controlar eles em um escopo bem maior, já que vimos uma cidade inteira, com muitas pessoas que ela nem sequer interage, tendo todas as suas narrativas feitas por ela — o que cria mais uma curiosa comparação, em que enquanto Charlotte se sente uma deusa, é no fim Christina que é chamada por essa alcunha por Teddy em certo ponto do episódio. Detalhes feitos para o espectador pensar, mesmo. No fim, mantendo a chama acesa em Generation Loss e cada vez mais populando o caminho para a reta final da temporada, Zhuangzi é um bom episódio, engajante e empolgante — mas que se destaca principalmente por atuar como um ótimo meio do caminho entre o começo da temporada e o seu final. É bem interessante e cria uma hora de entretenimento boa, embora destoante dependendo do personagem que está na tela. Mais uma vez, fica a expectativa para os próximos episódios. Eles são lançados semanalmente aos domingos, às 22h, na HBO e HBO Max. Veja também Westworld confunde e empolga em novo episódio, Generation Lost