Segundo o Digital 2021, pesquisa feita anualmente pelo We Are Social e Hootsuite, os brasileiros passam, em média, mais de 10 horas por dia online — cerca de cinco dessas horas são gastas utilizando a internet pelo celular. O país fica atrás somente das Filipinas, que passa quase 11 horas diariamente online, cerca de seis delas pelo smartphone. A média mundial é de aproximadamente 7 horas de internet por dia, sendo quase 3h40 no celular. Junto à grande quantidade de tempo passada no celular, muitas das lesões ou machucados causados pelo uso excessivo de smartphones estão relacionados à forma que seguramos os dispositivos. Outras têm mais a ver com a nossa postura quando mexemos no celular — sabe aquele incômodo no pescoço? — ou então ao simples fato de olhar por muito tempo a tela do aparelho. Explicamos a seguir um pouco melhor sobre os impactos do uso prolongado de smartphones para a sua saúde física e como (tentar) reverter a situação. No entanto, ressaltamos que existem outras possíveis consequências atreladas ao uso constante do celular, como insônia, depressão, ansiedade, entre outras. De repente, ficar um tempo longe do aparelho não parece tão ruim assim, não é mesmo?
Dores e lesões nas mãos
Usamos nossas mãos para fazer quase tudo — e isso inclui mexer no celular. No entanto, o uso excessivo de smarpthones pode trazer uma série de consequências para os membros. Uma delas é a lesão por esforço repetitivo (LER), que pode causar dores e cãibras nos dedos ou no pulso. A LER ocorre devido aos movimentos realizados de forma constante, como flexão dos punhos ou movimentos repetitivos dos dedos, como digitar ou ficar descendo o feed das redes sociais por uma infinidade de tempo. Agora você tem mais um motivo para desligar o celular e ir assistir uma série, ler um livro ou dormir mais cedo. A solução? Reduzir o tempo passado no smartphone ou então segurar o aparelho com as duas mãos, de forma a compartilhar o peso e reduzir o esforço, além de tentar realizar os movimentos de digitação ou rolagem de feed com a sua outra mão. Mas esse não é o único problema que o uso constante do celular pode causar. Com o aumento do tamanho dos smartphones, é preciso realizar certas manobras para conseguir segurar e equilibrar o dispositivo com uma mão só — já notou como seu dedinho fica posicionado bem na base do aparelho? Apesar de existirem diversos relatos e posts na redes sociais de usuários mostrando seus dedos mindinhos levemente deformados, não há nenhuma evidência (pelo menos até o momento) de que essas marcas sejam permanentes. No entanto, mesmo que seja uma lesão temporária, não vale a pena arriscar, certo? Se começar a sentir dores ou perceber pequenas marcas no seu dedinho, pode ser um indicativo de que está utilizando um smartphone por um longo período de tempo.
Lesão no cotovelo
Podemos ficar com os cotovelos doloridos ou com cãibras por mantê-los dobrados praticamente todo o tempo que passamos utilizando o smartphone. Com o tempo, é possível até ficar com as articulações inflamadas, aumentando a dor e o incômodo na região. No entanto, aqui o principal problema do uso constante do celular é a síndrome do túnel cubital, parte da articulação por onde passa o nervo ulnar, responsável pela sensibilidade dos dedos anular e mínimo. A condição, causada pela compressão deste nervo, pode ser resultado de sequela de uma fratura ou por vícios de postura — como ficar segurando celular por um período prolongado de tempo. O principal sintoma é uma sensação de formigamento que vai do cotovelo até as mãos e, com o tempo, a sensibilidade dos dedos pode ser prejudicada, dificultando ações como digitar ou segurar objetos. A condição afeta também pessoas que jogam muito videogame portátil ou trabalham com os cotovelos flexionados a mais de 90º. A solução, entretanto, é simples. Como a síndrome do túnel cubital pode ser causada pela flexão prolongada do cotovelo, o remédio é mudar seu comportamento, alternando a mão que segura o smartphone. Outra opção para quem faz muitas ligações é utilizar fones de ouvido ou ativar a função de viva-voz.
Dor no pescoço e deformação da coluna
Outra grande consequência do uso excessivo de smartphones é a mudança na nossa postura. Você com certeza já deve ter sentido dores no pescoço e na região torácica após usar o celular por um longo tempo. Isso acontece porque sair da posição ereta e flexionar o pescoço para baixo altera a carga de peso na região. Quando estamos eretos, o peso em nosso pescoço é de 6 kg, mas quando fazemos uma inclinação de 15º, essa carga dobra. Se flexionamos 30º, a carga vai para 18 kg — quando a inclinação fica perto de um ângulo de 60º, o peso em nosso pescoço é equivalente a 27 kg. Essa mudança na postura pode ser chamada de “pescoço tecnológico“, e as consequências vão além de dores e incômodos na região. A coluna tende a se adaptar para aguentar o peso constantemente exercido, o que pode levar à formação de corcundas. Outra possibilidade é a flacidez na região entre o queixo e pescoço, gerando a famosa “papada“. Esses problemas não ocorrem somente quando usamos celulares. Trabalhar ou utilizar um objeto como um tablet ou livro, por muito tempo flexionando o pescoço para baixo, também pode trazer essas consequências. Para solucionar os problemas ocasionados pelo uso excessivo de smartphones ao seu pescoço e suas costas, tente segurar o celular o mais próximo possível do nível dos seus olhos e manter a sua coluna ereta. Desta forma, não estará sobrecarregando o seu pescoço. Esperamos que, após ler essa matéria, você tome mais cuidado na hora de usar o celular! Fontes: We Are Social, The Conversation, Green Bot