Enquanto o 5G ainda está na fase de desenvolvimento de padrões e realização de testes, a indústria de telefonia cria soluções para aperfeiçoar o 4G, que de acordo com dados da Open Signal, está presente em 55.29% do território brasileiro. Esse aperfeiçoamento está sendo “vendido” como 4.5G ou 4G+. Tecnicamente é chamado de LTE-Advanced.

Afinal de contas, o que é o 4.5G?

Em primeiro lugar, temos que deixar claro que na visão de alguns nomes da indústria o 4.5G ou 4G+ não se trata de um novo standard, isto é, um padrão completamente novo, e sim uma atualização do padrão já existente, o 4G. Leonardo Capdeville, CTO da TIM, em entrevista ao site Convergência Digital, diz que não existe meia tecnologia e que o 4.5G é mais um posicionamento de marketing, uma forma de nomear os avanços que as operadoras estão oferecendo para a tecnologia 4G. O novo padrão, que pode ser visto como disruptivo, será mesmo o 5G, que promete entregar uma latência baixíssima (inferior a 1 ms) e uma velocidade que ultrapasse a casa do 1 Gbps.

Obviamente, quando falamos de testes, até o 4G pode alcançar tal velocidade. Recentemente a Claro, em parceria com a Ericsson e a Qualcomm, realizaram um teste em São Paulo que combina 20 Mhz da faixa de 2,6 GHz (do 4G, e que é licenciado) com 60 MHz da faixa 5 GHz (espectro não licenciado). O dispositivo utilizado, além de lidar com antenas 4×4 MIMO, o que significa que a comunicação podia ser feita com quatro antenas para transmissão e outras quatro para recepção, tinha um modem Snapdragon X16 LTE, capaz de alcançar velocidades na casa do 1 Gbps. O resultado do teste foi que essa rede da Claro atingiu taxas próximas à casa do 1 Gbps.

Como funciona o 4.5G?

O funcionamento do 4.5 G se dá principalmente por um fator chamado Carrier Aggregation (Agregação de operadora, em tradução literal). Na prática, significa juntar vários sinais da operadora, de diferentes frequências e poder trabalhar como se fossem uma única frequência. É por isso que a performance do 4.5G varia conforme a infraestrutura da operadora, ou seja, o quanto ela consegue agregar. A tendência é que todas as operadoras que oferecem esse serviço no Brasil, como Claro, Vivo e TIM, passem a fazer esse agregado com três faixas: 2600 Mhz, 1800 Mhz e a 700 Mhz, que hoje ainda cabe ao sinal analógico de TV, mas que aos poucos está sendo transferido para a telefonia.

A performance é muito superior ao 4G?

O desligamento do sinal analógico de TV é muito importante para a maturação do 4.5G. Com a liberação definitiva da faixa dos 700 MHz e o estabelecimento dessa tecnologia, a Claro, por exemplo, promete entregar velocidades acima dos 200 Mbps com pico de 400 Mbps, já que além das faixas de 2600 MHz e 1800 Mhz, passa a incorporar também a de 700 Mhz, o que garante ainda mais velocidade. Comparando com o 4G, que opera em 100 ou 150 Mbps, o salto é realmente bem significativo. Lembrando que as taxas que chegam ao dispositivo do consumidor são bem mais baixas, já que variam de acordo com um enorme conjunto de fatores. No caso do 4G, a velocidade de download alcança em média 14 Mbps. Com o 4.5G sobe para, em média, 40 Mbps.

Está presente em todo o Brasil?

Não. A Claro já oferece o 4.5G em Brasília e junto com seu plano de agregar a faixa dos 700 MHz, o serviço será ampliado para mais localidades. A previsão é que até o fim do ano chegue em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Porto Alegre, Florianópolis, Salvador, São Luís e Campinas. A Vivo, com o seu 4.5+ já está presente em 91 cidades e até o fim do ano deve desembarcar em mais 100 municípios.  Com a TIM, até o final do ano, 400 cidades receberão a tecnologia.

Como faço para ter acesso ao 4.5G?

É nesse ponto que as coisas complicam um pouco. Como o 4.5G ainda é uma tecnologia que está ganhando corpo e precisa de de uma combinação de novas tecnologias, o dispositivo que irá receber esse sinal tem que estar de acordo. São três pré-requisitos:

Carrier aggregation MIMO 4×4 Modulação avançada 256QAM

No Brasil, alguns modelos já estão de aptos para operar com essa tecnologia, dentre eles destacamos os seguintes:

Samsung Galaxy S8, S8+

Apple iPhone 7

Sony XZ

LG G6

Motorola Moto Z2 Force

Sim, ainda são aparelhos caros e tops de linha, mas à medida que essa tecnologia avança, ela será incorporada em aparelhos intermediários e com preços mais convidativos. É assim com toda nova tecnologia, como leitores biométricos e, agora, as câmeras duplas.

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