The Legend of Zelda Skyward Sword HD é a segunda chance desse título, visto por muitos como a ovelha negra da série. Originalmente um jogo de Wii, ele ganha uma segunda oportunidade agora sendo lançado para o Nintendo Switch. Será que, 10 anos depois, a recepção será diferente? Confira em nosso review.
10 anos de controles de movimento
Skyward Sword saiu originalmente em 2011, nos últimos suspiros do Nintendo Wii. A história conta que o console da Nintendo foi muito bem sucedido, mas esquece de comentar que seus anos finais contaram com uma queda enorme de popularidade que se refletiu em seu sucessor, o Wii U. Lá por 2010 e 2011, a grande novidade do console, seus controles de movimento, para muitos já tinha se tornado algo chato e que com certeza não iria ditar o futuro dos videogames como se esperava lá em 2006. Skyward Sword é dessa época, e ele era totalmente dependente de movimentações para funcionar. A espada de Link se movimentava conforme o jogador movimentava o saudoso Wii Remote, criando uma experiência imersiva, mas que, ao mesmo tempo, para um jogo de 40 horas, se tornava cansativa. Tentando amenizar esses problemas, o jogo também era bem mais linear na exploração do que títulos anteriores da franquia. Tudo ajudou para que o jogo, em seu lançamento, fosse recebido de forma extremamente divisória. Para mim, o autor, na verdade, era bem divertido. Denunciando minha idade, eu estava nos meados de minha adolescência, e nos momentos em que eu não estava fingindo odiar tudo, eu ficava maravilhado com poder fingir a partir de um controle os movimentos de uma espada. Porém, 10 anos depois, agora com uma coluna não mais no ápice da constituição, e agora realmente odiando muitas coisas legitimamente, eu não consigo olhar para controles de movimento com o mesmo olhar feliz e emocionado. Como, então, o port de Switch se comporta para isso? É óbvio que Skyward, até mesmo na mecânica de combate contra inimigos, foi todo pensado para um maior controle sobre a espada de Link do que o eventual ficar apertando algum botão continuamente para execução de combos. O investimento de desenvolvimento para acabar com essa interação seria muito provavelmente próximo do custo de um jogo completamente novo. A solução para Skyward HD foi manter a opção de controles de movimento, mas também mapeá-los de forma que funcionem no analógico do Joy-Con direito. Existe, então, a opção de jogar sem movimentar seus braços, mas é inegável que é um pouco menos precisa do que a presente se você usar os Joy-Cons com movimentos. Porém, pensando enquanto esboçava essa análise sobre essa imprecisão a partir do controle pelo analógico, me veio um pequeno experimento: após anos, liguei meu Nintendo Wii e coloquei minha cópia de Skyward Sword para rodar, para experimentar como eram os controles de movimento 10 anos atrás. A conclusão foi bem interessante: embora bons, eles ainda são menos precisos que o do analógico na versão de Switch! O que eu estava notando antes de testar a versão de 10 anos atrás era uma realidade por conta da maior competência dos Joy-Cons como controles de movimento comparado ao Wii Remote lá atrás. No fim, o jogo é extremamente jogável com os analógicos, comigo inclusive passando ele inteiro somente com esse tipo de controle, praticamente.
Alta-resolução mas poucas melhorias
Skyward Sword HD é principalmente um remaster visual, mas o que mais surpreende é como, em geral, parece que o jogo só precisou ser reprogramado para rodar em uma resolução maior do que ter modelos refeitos. É um ótimo testamento para a qualidade do estilo visual escolhido lá atrás. Parecendo muitas vezes uma pintura impressionista, os cortes da espada se misturam com a roupa verde de Link, causando borrões que representam a intensidade do combate. Além disso, o jogo, sendo o primeiro Zelda com trilha sonora orquestrada, também faz um uso incrível da música e de efeitos sonoros, com cada ataque que Link acerta no inimigo sendo representado por uma fanfarra que segue o ritmo do ataque, causando uma experiência extremamente satisfatória no combate. Alguns dos pontos onde o jogo sofreu críticas lá atrás foram arrumados, como a descrição de itens aparecer toda vez que você coletava ele, ou a constante interferência de Fi, sua ajudante no jogo, segurando sua mão todo o tempo para o jogador não se perder. Os itens só tem suas descrições exibidas na primeira vez que são coletados, e a grande maioria dos diálogos de Fi agora são opcionais. Por outro lado, problemas que a grande maioria esperava que fossem resolvidos, como foi o caso do trecho final de The Wind Waker no remaster de 2013, não foram tocados. A constante revisitação de áreas sem grandes mudanças, a complicadíssima jornada para aumentar o espirito de Link, onde o jogador não pode levar um dano sequer se não tem que recomeçar do zero e por fim, a arrastadíssima jornada pela Música do Herói estão sem nenhuma modificação se comparadas com a versão de 10 anos atrás. Embora Zelda normalmente sejam jogos longos, por volta das 40 horas, esse mesmo tempo em Skyward é exaustivo. Talvez, de todos os jogos da série, esse seja o que mais passa a sensação de durabilidade artificial, e, honestamente, isso é algo bem ruim. Tirar a maravilha da descoberta para o cansaço de explorar as mesmas áreas sem grandes novidades exaustivamente é um dos principais pecados possíveis em uma franquia como essa; Porém, esse cansaço só aparece lá pelas 25 horas de jogo. Antes disso ele passa toda a magia que se espera, o que durante boa parte de minha jogabilidade me deixou com um sorriso no rosto. Resolver puzzles, o uso inteligente da espada mais livre… é excelente. Talvez, de jogos que eu lembre de ter jogado recentemente, Skyward Sword HD seja o que mais conta com duas metades com qualidades tão diferentes. É chato, mas, ao mesmo tempo, não deixa de ser uma experiência ótima.
Um veredito apontado para o céu
Skyward Sword tem pontos positivos que quando estão presentes, o transformam talvez em um dos melhores jogos da franquia, mas também tem pontos negativos que, quando aparecem, o transformam em um título que nem parece um Zelda. Porém, independente de novos visuais ou novos controles, isso só representa o quanto ele realmente é divisivo. Talvez, para você, leitor, a experiência seja 100% excelente ou 100% negativa, mas agora eu tenho certeza que, nos próximos 10 anos, a discussão sobre o real valor do título continuará existindo. Pelo menos, inegavelmente, é um tópico divertido. The Legend of Zelda: Skyward Sword está disponível por R$299 na e-shop do Nintendo Switch. Para mais novidades de jogos da Nintendo, como o review de Mario Golf Super Rush, fique de olho no Showmetech.