Concessões precisaram ser feitas para que o jogo rodasse no Switch, mas o resultado não faz feio e roda bem, tanto em modo portátil quanto na televisão. O jogo, por sua vez, vai de altos a baixos, porém se mantém como uma boa opção de multiplayer (apenas) online na biblioteca do console.
Conhecendo a franquia
Plants vs. Zombies começou como um jogo de “defesa da torre” (ou tower defense, como é mais conhecido) para celulares. O gênero consiste em defender uma área de constantes investidas de inimigos, e para isso é necessária boa dose de estratégia. Nos dois primeiros jogos, (Plants vs. Zombies e Plants vs. Zombies 2: It’s About Time), ambos lançados para dispositivos móveis, o jogador assumia o controle de plantas e deveria gerenciar recursos e alocar cada planta em um local da arena (visão de cima para baixo com gráficos em duas dimensões). Cada planta escolhida usava suas habilidades automaticamente para atacar e se defender de zumbis que ameaçavam tomar conta dos jardins. Cada planta e cada zumbi tinha suas próprias características e habilidades, então era fundamental saber usar bem os recursos à disposição para ter êxito em cada uma das fases dos jogos. Eventualmente, os dois jogos chegaram ao PC e aos consoles. Após duplo sucesso, a Popcap Games, desenvolvedora da série, criou jogos de tiro em terceira pessoa para os consoles, e obteve relativo sucesso. Plants vs. Zombies: Garden Warfare, o primeiro deles, manteve a característica de cada unidade, seja planta ou zumbi, possuir uma habilidade única, mas em vez de estratégia, os jogos tridimensionais requerem mais habilidade motora do jogador, e a confusão nas arenas de batalha os tornam jogos bem dinâmicos. O estilo se manteve em Plants vs. Zombies Garden Warfare 2 e em Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville, que aprofundamos neste texto. Outros dois jogos ainda foram desenvolvidos para Android e iOS: Plants vs. Zombies Adventures e Plants vs. Zombies Heroes.
Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville
Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville, como de costume nos jogos publicados pela EA, é construído para ser jogado em multiplayer online e, para tanto, nos consoles, exige a assinatura do serviço online — no caso da plataforma da Big N, o Nintendo Switch Online. Há também um modo off-line, com uma história genérica, mas que se propõe a fazer com que o jogador se habitue ao estilo de jogo e comece a encarar pessoas reais pela internet. Infelizmente, Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville não é bem-sucedido nessa missão, apesar de conseguir entreter durante algum tempo.
A batalha pela vizinhança
Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville se estrutura com duas grandes áreas que podem ser exploradas livremente. A partir delas, o jogador, que assume o controle de uma planta ou um zumbi, cada um em sua respectiva área, pode realizar atividades básicas, como comprar itens estéticos com dinheiro ganho em outras atividades do jogo ou equipar habilidades adquiridas ao avançar o nível dos personagens. Ao escolher controlar uma planta ou um zumbi (e cada uma dessas “classes” possui vários personagens à disposição, com a possibilidade de desbloquear tantos outros), o jogador pode se dirigir a outras duas áreas, cada uma com sua própria história e missões, e aqui temos o primeiro problema de Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville. Logo de cara, são muitos personagens para escolher, e cada um pode ser personalizado tanto no quesito estético quanto com habilidades próprias. Conforme avança nas missões, os personagens usados sobem de nível e novas habilidades são desbloqueadas. Há uma grande quantidade de informações que inundam o jogador que, se não for veterano nos jogos tridimensionais da franquia, certamente ficará perdido. Naturalmente, quanto mais se joga, menos perdido se sente o jogador. E para isso há as muitas missões do jogo. No entanto, muitas das missões são cópias de si mesmas, e constam basicamente em ir até um local específico e acabar com os planos dos zumbis ou com a paz das plantas. No caminho para o objetivo, o jogador inevitavelmente encontrará inimigos e entrará em conflitos para fazer justamente aquilo que está indo fazer: atirar. Com pouca variedade de missões e muitos grupos de inimigos para derrotar, é normal que após algumas horas de jogo o jogador se sinta entediado e queira partir para as disputas online. Ou seja, Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville não é um jogo para quem não tem uma assinatura de serviço online. Ainda assim, o jogo consegue fazer um bom trabalho quando coloca o jogador para realizar tarefas distintas, como defender uma região. Além disso, as batalhas contra chefes são criativas e divertidas, sem dúvidas o ponto alto do modo história do game.
Online frenético
Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville foi feito para se jogar online e, felizmente, traz modos bastante competentes, que são divertidos e se sustentam no aspecto técnico. São três modos de jogo online: no primeiro, cada time (plantas ou zumbis) de oito jogadores precisa assumir o controle de uma base até que o mapa se expanda e uma nova área seja o centro da disputa; no segundo, os jogadores precisam atuar cooperativamente para defender a base; no terceiro, são batalhas de oito contra oito e vence o time que derrotar 50 inimigos primeiro. Para obter êxito nas partidas online, é necessário que o jogador domine as habilidades únicas do personagem que está usando, uma vez que cada um tem tipos próprios de tiro. Quanto mais o jogador usar cada personagem, mais aumentará seu nível e novas habilidades serão disponibilizadas. Assim sendo, não é incomum que, em partidas online, o jogador se depare com outros jogadores que já avançaram bastante em seus personagens, então pode ser um tanto difícil se dar bem contra jogadores reais. As batalhas, em qualquer um dos modos, são cheias de ação e frenéticas, com muita coisa acontecendo na tela ao mesmo tempo. Com personagens de diferentes classes (voltados para ataque ou defesa, por exemplo) e habilidades, com tipos diferentes de movimentação e tiros, Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville tem um quê de jogos como Overwatch e Paladins. Ao mesmo tempo, o game, ao evoluir os personagens e permitir a escolha de habilidades, lembra, em certo aspecto, Call of Duty. Nos testes realizados para a elaboração desta análise, foi fácil encontrar pessoas com quem jogar, e a conexão foi rápida. Durante as partidas, não foram percebidos engasgos relacionados à conexão de internet, e as partidas fluíram conforme o desejado. Infelizmente, não há como jogar com pessoas de outras plataformas.
Adaptação bem feita
Talvez o feito que chama mais atenção de Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville foi a transposição de um jogo do motor gráfico Frostbite para o Nintendo Switch. A EA até então não lançou muitos jogos na atual plataforma da Nintendo, e títulos feitos nesta engine (como Anthem, Battlefield V, Madden e Star Wars: Battlefront II, só para citar alguns exemplos) nunca foram feitos para o console. Com Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville, a Popcap Games mostra não só que o Nintendo Switch é capaz de rodar o motor gráfico, como o resultado pode ser positivo. Obviamente, algumas concessões precisaram ser feitas na adaptação do jogo. Distância de visão de elementos, efeitos de luz e sombras, resolução e taxa de quadros tiveram que ser atualizados, mas felizmente o resultado é positivo e Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville roda bem, e ainda ocupa apenas 6,5 GB no Switch. A taxa de quadros cai de 60 (no PlayStation 4, Xbox One e PCs compatíveis) para 30 fps, enquanto a resolução fica em 900p na televisão e 720p no modo portátil. Há constantes quedas de desempenho, mas normalmente não são grandes e não causam problemas nas partidas. Em alguns momentos, quando muitos jogadores se juntam em um mesmo local e há muitos elementos na tela, pode acontecer da taxa de quadros cair a ponto de incomodar, mas felizmente não dura muito tempo. Vale mencionar que a Popcap Games precisou remover do Nintendo Switch a opção de multiplayer em tela dividida, no mesmo console. A opção, disponível nas demais plataformas, pelo visto era demais para a da Nintendo. Como já citado, os servidores estão funcionando bem, as partidas são fáceis de se achar e não presenciamos problemas de conexão — todas as derrotas foram culpa exclusiva deste redator.
Saldo positivo
As rápidas partidas e a ação constante certamente agradam a vários jogadores, mas é importante frisar que Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville não traz nada de novo e não “reinventa a roda”. É uma opção divertida para a biblioteca do Nintendo Switch, ainda mais com amigos. Para quem gosta do gênero e já cansou dos mesmos jogos, é uma boa pedida, ainda que faça apenas “mais do mesmo”. Outro ponto positivo é que, além de não exigir nenhuma compra adicional, já que a edição completa, disponível no Nintendo Switch, contém tudo o que já fora lançado para as demais plataformas, o jogo foi lançado na plataforma pelo preço de US$ 40,00 (cerca de R$ 230,05 na cotação atual, sem considerar impostos), mais barato que os usuais US$ 60,00 que os jogos de grande orçamento costumam custar. Como ponto negativo, merece destaque a longa curva de aprendizado do jogo. O modo para um jogador dificilmente preparará o jogador para as batalhas do modo online, e suas missões são repetitivas e não entretêm por muito tempo. Adicione a isso a quantidade de informações a que o jogador se depara assim que inicia o jogo e demorará até que pegue o jeito e garanta umas vitórias contra jogadores reais. Análise feita graças a cópia digital cedida pela EA.