Ao desconsiderar dar uma resposta mais detalhada (e quem sabe franca) sobre esse questionamento, ficou no ar uma impressão que a empresa não leva muito a sério o que a chegada desses novos laptops da Apple representa para o mercado de notebooks e PCs. Só que a Qualcomm deveria se preocupar com isso. Abaixo eu te explico os porquês.
Qualcomm deveria levar Mac M1 mais a sério
Para começar, a Qualcomm é até o momento considerada a líder no fornecimento de processadores com tecnologia ARM para dispositivos móveis. E desde 2017 trabalha em parceria com a Microsoft para que as fabricantes desenvolvam notebooks baseados na arquitetura ARM e com Windows 10. Um lançamento recente que junta esses elementos foi o Microsoft Surface Pro X. Por um lado, os reviews destacaram a durabilidade da bateria do dispositivo como algo muito positivo, mas por outro lamentaram os problemas de compatibilidade de apps de terceiros que tinham sido desenvolvidos para rodarem em processadores da Intel. Aí a Apple lançou MacBooks Air e Pro com processadores M1, desenvolvidos pela big tech com tecnologia ARM que marcaram o começo do fim da era de processadores da Intel nos seus computadores. Na época, a Qualcomm até chegou a apontar que seria desafiador para a Apple fazer com o que os aplicativos e softwares antigos rodassem bem no Apple Silicon, que é a arquitetura do M1. A carta na manga, digamos, da Apple para lidar com essa questão foi o desenvolvimento da ferramenta Rosetta 2, que “traduz” os aplicativos de 32 ou 64 bits para ARM. E isso parece estar funcionando muito bem, tanto com aplicativos nativos quanto de terceiros que tinham sido criados para processadores Intel. Tudo isso mesmo com Windows instalado nos MacBooks em questão, segundo o site The Verge. Só que os processadores Apple M1 não são perfeitos, claro. O analista Pay Moorhead, por exemplo, identificou alguns problemas de compatibilidade também. Mas no geral as análises dos MacBooks com M1 tem sido melhores do que as dos computadores com processadores da Qualcomm. Considerando que esta é apenas a primeira geração de processadores da Apple para seus Macs e eles já conseguiram atingir esse patamar, se eu fosse uma fabricante de chipsets ARM para notebooks e PCs estaria em choque. Mas sobre esse cenário, o posicionamento da Qualcomm foi:
Computadores com Snapdragon
Para Katouzian, os computadores always connected (que estão sempre conectados, seja usando Wi-Fi ou redes móveis) equipados com tecnologia Qualcomm são superiores aos novos MacBooks com M1 tanto pelo suporte ao 4G e 5G quanto pela qualidade do vídeo das suas câmeras. As câmeras dos MacBooks, no caso, capturam vídeos em até 720p, o que é considerado pouco. O executivo também apontou que a variedade de modelos dos chipsets Snapdragon (7c, 8c e 8cx) permitem que as fabricantes desenvolvam laptops com capacidade avançada e preços mais acessíveis do que os MacBooks.
Um nó que não depende da Qualcomm
Essa estratégia de investir em computadores always connected e tudo mais é boa, mas esbarra num problema cuja resolução não depende da Qualcomm, o que deixa a empresa de mãos atadas. Por mais que em breve a Qualcomm muito provavelmente lance processadores para laptops baseados no novo Snapdragon 888 5G, cuja performance deve ser no mesmo nível do Apple M1, está no colo da Microsoft e das empresas desenvolvedoras dos aplicativos resolverem aqueles problemas de compatibilidade que pesaram tão negativamente nas reviews dos computadores com Snapdragon. A vantagem da Apple neste contexto, por outro lado, é que a empresa tem total controle sobre os seus processadores, hardware dos laptops e computadores, sistema operacional e aplicações-chave dos seus dispositivos. Ou seja, enquanto a Qualcomm é responsável por uma parte dos computadores, a Apple é responsável por todas as partes que compõem seu ecossistema. E o funcionamento dos Macs com ARM tem sido superior aos de PCs com Snapdragon, mesmo com ambos rodando Windows. Está vendo como a questão é mais séria do que a Qualcomm deu a entender durante o evento? Fontes: Android Authority, PC Magazine, The Verge e ZDNet O que você achou dessa forma da Qualcomm encarar os MacBooks com M1? Conte para nós aqui nos comentários!