Produzida pela Pfizer, o Paxlovid combina um novo medicamento antiviral denominado Nirmatrelvir e um mais antigo conhecido como Ritonavir. O tratamento com a nova pílula se dá através da ingestão de comprimidos ao longo de cinco dias, devendo a primeira dose ser administrada logo no início da doença, quando os primeiros sintomas surgirem ou o quanto antes, no intuito de obter uma melhor eficácia. Apesar de aprovado, o uso da medicação ainda não está liberado no país estadunidense. Para o tratamento poder ser, de fato, utilizado pelos norte-americanos, ainda é preciso que a diretoria dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do país também autorizem a pílula contra COVID-19 da Pfizer. A expectativa é que isso aconteça já nos próximos dias. Segundo um comunicado divulgado pela Pfizer, a farmacêutica já está preparada para colocar os novos medicamentos nas prateleiras do país. “A Pfizer está pronta para começar a distribuição nos Estados Unidos imediatamente para ajudar a colocar o Paxlovid nas mãos dos pacientes apropriados o mais rápido possível”, afirmou o presidente e CEO da companhia, Albert Bourla, que se mostra também esperançoso com a nova “arma” contra o Covid-19.
Como o Paxlovid funciona?
Os vírus possuem enzimas que ajudam no ciclo de sua replicação. Uma delas se chama protease e é responsável pelo amadurecimento do vírus. Quando não amadurece, ele é incapaz de se multiplicar. O Paxlovid, então, promove a inibição da protease do novo coronavirus, que foi batizada de SARS-CoV-2- 3CL, impedindo que ele complete seu ciclo de vida. Segundo a Pfizer, a pílula deve ser ingerida duas vezes ao dia, por cinco dias, a partir do terceiro dia do surgimento de sintomas de COVID-19. A farmacêutica ainda acredita que a medicação consegue ajudar no controle da transmissão da doença. No entanto, será preciso mais alguns estudos para chegar a um veredito. Caso fique provado que a quantidade de vírus presentes nas secreções das vias aéreas superiores foi reduzida durante o tratamento com o Paxlovid, potencialmente ele poderá ajudar a conter a transmissão da doença.
Promessas do novo medicamento
As informações sobre redução de casos graves e hospitalizações que o CEO da Pfizer cita mais acima vêm de um estudo divulgado pela farmacêutica no último dia 14 de dezembro. Segundo os dados apresentados, o Paxlovid reduz o risco de hospitalização ou morte pela doença em 89% se administrado em adultos dos grupos de risco poucos dias após seus primeiros sintomas. A eficácia foi semelhante em um outro grupo, que foi submetido a outro período de teste. Administrado nos primeiros cinco dias dos sintomas, a pílula foi 88% eficaz. A pesquisa também mostrou “uma diminuição de aproximadamente 10 vezes na carga viral no quinto dia em relação ao placebo”, disse o comunicado. O objetivo das entidades de saúde é poder eventualmente oferecer os comprimidos para as pessoas tomarem em casa antes de ficarem doentes a ponto de precisarem ir ao hospital. Dados recentes destacaram que o medicamento também mantém sua eficácia contra a variante recém-descoberta Ômicron. Ainda que o medicamento possua eficácia, as medidas de segurança já estabelecidas — como o uso de mascaras respiratórias — e as vacinas continuam sendo válidas.
Um outro aliado na guerra contra a COVID-19
O FDA também está analisando um segundo antiviral que promete combater o coronavírus. Chamado Molnupiravir, ele é produzido pela empresa farmacêutica Merck. No caso desse segundo medicamento, ele age diretamente no organismo, atrapalhando a replicação viral. Assim como a pílula da Pfizer, o Molnupiravir é mais eficaz se tomado nos estágios iniciais da infecção, reduzindo pela metade o risco de óbito e hospitalização de pacientes com alguma probabilidade de desenvolverem quadros graves da enfermidade. Para alcançar esse objetivo, o uso recomendado da medicação é de cinco dias, logo no início da infecção, com o tratamento sendo realizado em casa, sob prescrição médica. A substância pode ser utilizada para tratar adultos com COVID-19 que não necessitam de oxigênio suplementar, mas que apresentam risco acrescido de ter a doença na sua forma grave, como possuir idade avançada, obesidade, diabetes mellitus e doença cardíaca. No início do mês de novembro, o Reino Unido tornou-se o primeiro país a aprovar o antiviral contra a COVID-19. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) também aprovou recentemente o uso de emergência da substância. Entretanto, cada país pertencente à União Europeia terá autonomia para decidir sobre o seu uso ou não. A empresa farmacêutica responsável espera produzir 10 milhões de cursos (período de tratamento contínuo com o uso do medicamento) até o final do ano, com mais doses chegando em 2022. A expectativa é que também sejam produzidas versões genéricas do antiviral, o que irá facilitar a entrada em países de baixa e média renda.
E no Brasil?
No Brasil, o primeiro e único medicamento aprovado para tratamento da COVID-19 é o Rendesivir, mas ao contrário dos outros dois que permitem a administração fora do hospital, o remédio produzido pelo laboratório Gilead só pode ser usado em ambiente hospitalar e em pacientes com mais de 12 anos que tenham quadro de pneumonia e necessitem de oxigênio. Já no caso da Molnupiravir, a Anvisa se reuniu recentemente com representantes da companhia responsável pela produção para coletar os dados técnicos que podem encaminhar o uso emergencial do medicamento contra a COVID-19, segundo o site do Ministério da Saúde. A próxima fase é a apresentação formal do pedido, que passa a depender do laboratório e não tem uma data definida para acontecer. Depois de apresentadas todas as informações de forma oficial pelo laboratório, a Anvisa começa seu processo de avaliação para uso do medicamento.
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Enquanto os medicamentos não chegam ao Brasil, a Philips trouxe ao mercado um produto que promete combater os mais variados vírus, inclusive o responsável pela Covid-19. Confira o review que fizemos da luminária de mesa UV-C. Fontes: CNN, The Verge, Agência Brasil.