Essa campanha de boicote à publicidade do Facebook já tem a adesão de mais de 180 empresas. E já deu um prejuízo ao CEO da rede social, Mark Zuckerberg, de pelo menos R$39 bilhões, segundo a agência Bloomberg.
O que as empresas disseram
Entre as mais de 180 empresas que estão na lista do movimento “Stop Hate for Profit”, estão pequenas e médias companhias dos EUA. Mas nomes grandes, com atuação mundial, anunciaram que vão aderir. Entre eles estão: Unilever (dona de marcas de produtos domésticos como o sabonete Dove, a maionese Hellmann’s e o sorvete Ben & Jerry’s), Coca-Cola, Pepsi, Honda, Verizon, The North Face, Diageo, Levi’s e Viber. “Com base na atual polarização e na eleição que teremos nos EUA, precisa haver muito mais fiscalização na área do discurso de ódio”, disse o vice-presidente executivo de mídia global da Unilever, Luis Di Como. A empresa declarou que “continuar anunciando nessas plataformas neste momento não acrescentaria valor às pessoas e à sociedade”. A suspensão dos anúncios deve valer até o fim de 2020 e também vale para o Instagram e Twitter. A Coca-Cola anunciou que vai suspender os gastos de publicidade em todas as redes sociais por pelo menos 30 dias. Isso inclui Facebook, Instagram, Twitter, YouTube e Snapchat. “Não há lugar para racismo no mundo e não há lugar para racismo nas redes sociais”, disse o executivo-chefe da Coca-Cola, James Quincey. A Diageo, que detém marcas como Johnny Walker, Cîroc, Smirnoff e Tanqueray, comunicou que não fará mais anúncios nas maiores redes sociais a partir de 1º de julho. “Vamos continuar discutindo com os parceiros de mídia como podemos lidar com esse conteúdo inaceitável”, informou a empresa. O aplicativo de ligações e mensagens Viber informou no Twitter que, além de parar a publicidade, vai remover todas as ligações relacionadas ao Facebook do aplicativo (Facebook Connect, Facebook SDK e GIPHY). “O Facebook usa os dados dos usuários de forma errada, não fornece privacidade em seus aplicativos e adotou uma postura ultrajante, evitando as medidas necessárias para proteger o público de uma retórica violenta e perigosa”, disse o CEO da Viber, Djamel Agaoua. A Levi Strauss & Co., empresa conhecida pela Levi’s, divulgou em comunicado que a decisão de parar de anunciar tanto no Facebook quanto no Instagram deve-se a uma preocupação com a falha das redes sociais em impedir a disseminação de “informações erradas” e discurso de ódio em suas plataformas. “Acreditamos que essa inação alimenta o racismo e a violência e também tem o potencial de ameaçar a nossa democracia”, comunicou a empresa. A Mozilla, que desenvolveu o navegador Firefox, informou em nota que não anuncia no Facebook e no Instagram desde março de 2018. Segundo a Mozilla, na época “ficou claro que a empresa não estava agindo para melhorar a falta de privacidade do usuário que foi descoberta com o escândalo da Cambridge Analytica”. A empresa aderiu ao movimento e pede que o Facebook tome “medidas firmes” para limitar o discurso de ódio e polarizador em suas plataformas. O Starbucks também anunciou que vai interromper os anúncios em redes sociais. Mas a empresa não irá participar do movimento. Em comunicado, o Starbucks informou que irá “realizar discussões internas e com parceiros de mídia e organizações de direitos civis para impedir a disseminação do discurso de ódio”.
O que o Facebook tem feito
Na sexta-feira (26), as ações do Facebook caíram 8,3% no índice Nasdaq nos EUA, por conta do boicote. Isso representa uma perda de quase R$307 bilhões do valor de mercado da empresa. No mesmo dia, o CEO Mark Zuckerberg anunciou regras para endurecer o combate ao discurso de ódio em publicidades veiculadas na plataforma. O Facebook anunciou que vai começar a marcar as postagens com discurso político que violem suas regras e tomará outras medidas para evitar a repressão a eleitores e proteger minorias contra abusos. A publicidade faz parte de quase toda a receita da empresa. No primeiro trimestre de 2020, o faturamento do Facebook fechou em quase R$97 bilhões, dos quais 98% (R$95,3 bilhões) vieram da publicidade, segundo um relatório divulgado a investidores. Apesar disso, o Facebook declarou que não toma decisões políticas motivadas pela pressão das receitas. Um porta-voz da empresa disse que as mudanças são decorrência do compromisso do CEO Mark Zuckerberg de se preparar para as próximas eleições dos EUA. Fontes: Poder 360, Reuters e Valor Econômico