Mesmo assim, ao olhar para o céu durante a noite e ver as estrelas – desde que a poluição crescente e as nuvens permitam -, é difícil dizer com certeza que somos a única espécie mais ou menos inteligente do universo. Mas, olhando por esse lado, acho até importante que outras formas de vida não entrem em contato conosco; ao analisar a história da humanidade, apesar de muitas coisas interessantes terem sido criadas, uma constante inegável é o desdém para com aquilo que é desconhecido. De todo modo, considerações negativas à parte, a possibilidade de vida fora da Terra para nós pode ter encontrado um novo horizonte. Astrônomos da Universidade de Washington identificaram 24 planetas fora do sistema solar que podem oferecer condições ainda melhores que o nosso para a vida humana. Como isso é possível? Bem, além dos planetas, em sua maioria, serem mais velhos, as estrelas centrais de seus sistemas (os sóis deles, por assim dizer) conferem um ambiente propício para um melhor desenvolvimento das formas de vida. Esses planetas são chamados de super-habitáveis e são, por norma, exoplanetas, ou seja, astros que estão fora do sistema solar, portanto, orbitam outras estrelas.

A pesquisa

É importante frisar, já agora, que os pesquisadores usaram a linha evolutiva da Terra como parâmetro de comparação com outros planetas. Na prática, isso significa analisar bilhões de anos de desenvolvimento micro e macro celular até chegar aos primeiros ancestrais humanos — por essa mesma razão, não espere alienígenas altamente desenvolvidos logo de cara. Há de se considerar, ainda, que as condições para o surgimento da vida fora da Terra são bastante mutáveis, principalmente quando lembramos que cada planeta possui suas próprias características atmosféricas. Os cientistas também precisaram lidar com duas constantes um tanto espinhosas ao definir o grau de habitabilidade, que também estão relacionadas às características atmosféricas singulares de cada astro: a biomassa e a biodiversidade. A biomassa ainda pode ser comparada à da Terra, o que facilita um pouco o trabalho, mas a biodiversidade é muito singular e lida com várias hipóteses, como a evolução natural, a competição entre espécies e a extinção. Apesar de ser possível analisar esses aspectos também com base na comparação terrestre, é muito difícil lidar com as constantes aleatórias que os planetas podem gerar. De todo modo, para que um planeta tenha mais condições favoráveis à vida do que a própria Terra, ele deve ter uma biomassa e uma biodiversidade maiores do que a nossa querida casa espacial possui. Isso porque formas complexas de existência precisam, necessariamente, de uma biosfera global. Para que elas se desenvolvam, por sua vez, serão necessárias formas mais simples de vida, como micróbios, estes que darão a possibilidade de surgimento a vírus, bactérias e afins, o que nos coloca dentro de um círculo interessante em que um depende do outro. Outra necessidade fundamental que está ligada à biomassa é a retenção de calor por parte do planeta. Quanto maior for essa característica, maior será o tempo em que o planeta conseguirá manter um campo eletromagnético funcional ao redor do astro, impedindo a radiação estelar de inviabilizar toda a vida.

Estrelas anãs

Outro fator de extrema importância na avaliação da vida fora da Terra é o tipo de estrela em volta do qual os planetas orbitam. O sol funcionou para nós porque ele possui uma massa balanceada, não tão grande a ponto de se exaurir rápido e nem tão pequeno a ponto de não produzir energia suficiente. Mas quais substitutos seriam possíveis para a grande bola de fogo incandescente que nos aquece diariamente? O primeiro conceito importante aqui é o de estrelas anãs. O sol, por exemplo, é uma estrela anã amarela e serve de parâmetro para categorizar outras do gênero. A maioria das estrelas conhecidas do universo se enquadra nessa divisão, mudando de classificação somente devido à cor – pode parecer bobo, mas a cor indica em que estágio da vida a estrela se encontra. Essas informações também dizem respeito à classificação energética e de temperatura do astro. O sistema usado é o de letras do alfabeto, com as seguintes: O, B, A, F, G, K e M. Sendo uma anã amarela, o sol é uma anã de classificação G. De modo geral, aquelas classificadas como O são as mais quentes, enquanto as colocadas na categoria M são as mais frias. Seguindo essa ordem, podemos também analisar o tempo de vida das estrelas: quanto mais quente, menos tempo ela terá – o que significa, aqui, que a categoria O é a mais efêmera. Tendo isso em mente, convém dizer, agora, que as análises feitas pelos pesquisadores da Universidade de Washington apontam para anãs de tipo K como as mais promissoras na manutenção de vida fora da Terra. Isso porque elas não estão propensas a mudanças radicais e explosões de prótons, como as de classe M, e duram mais tempo que as de classe G, colaborando para o desenvolvimento de uma biodiversidade mais ampla.

O que é necessário para ter vida fora da Terra?

Tendo explicado as noções preliminares, passamos agora para o que os cientistas consideram, de fato, como sendo necessário para se ter vida fora da Terra. Alguns aspectos se destacam nesse sentido, como o tamanho do planeta, sua gravidade, como é sua atmosfera, o quanto de água ele produz ou pode produzir, em que estado essa água se encontra (líquido, sólido ou gasoso), a distribuição de terra e, de modo geral, o tempo, seja ele sobre a idade do planeta ou sobre a duração dos dias, meses e anos. A seção sobre isso na íntegra do artigo é muito mais explicativa do que eu jamais conseguiria ser, mas tentarei resumir da melhor forma. A habitabilidade de um possível candidato de novo planeta para vida fora da Terra é influenciada diretamente por esses aspectos mencionados no parágrafo anterior. Um planeta maior, por exemplo, pode ter espaço para maior diversidade de fauna e flora, como também já foi dito anteriormente. O problema é que muitas coisas influenciam essa máxima, como a distribuição de terra — imagine a desgraça que seria se o nosso mundo ainda estivesse no estágio da Pangeia, com toda a superfície terrestre concentrada num só lugar e o resto sendo água? Teríamos desertos gigantescos e pouca mobilidade para aproveitar os recursos hídricos. O artigo menciona que um planeta com 1,5 ou 1,6 vezes mais massa que a Terra é o ideal – caso maior, ele pode se transformar num gigante gasoso como Júpiter ou, pior, impedir a passagem da luz estelar, criando uma versão ligeiramente menor de Netuno – ou seja, um palácio de inverno de tamanho global. Aliado a esse aumento de biomassa, os pesquisadores afirmam que um lugar um pouco mais quente do que o nosso planeta pode ajudar bastante na proliferação da vida, principalmente quando essa característica é aliada ao tamanho mais avantajado. Outro ponto a ser considerado é o tempo. Nós, como humanos, levamos 4 bilhões de anos para aparecermos e, a partir daí, nos desenvolvermos. É um tiro no escuro dizer que todos os planetas semelhantes teriam esse mesmo tempo para o desenvolvimento de espécies mais complexas — ora, mal dá para saber se a estrela que dá vida ao sistema estará viva durante 4 bilhões de anos (dependendo da escala ali em cima, vai ser difícil). De todo modo, o ideal é que um planeta de 5 a 8 bilhões de anos, portanto mais velho do que o nosso, possa oferecer condições melhores de vida fora da Terra. Um aspecto que acaba sendo mais aleatório do que os outros é a ocorrência de desastres naturais. Por exemplo, explosões de super novas (explosões muito fortes de estrelas em seu período final de existência) podem causar cataclismos capazes de destruir toda a vida presente num planeta. A nossa Lua, no caso, surgiu do impacto da Terra contra outro corpo celeste que, dizem os pesquisadores, foi do tamanho de Marte. O resultado é a nossa amiga brilhante que ilumina as noites e concede canções melancólicas sobre o amor e a existência. Esse impacto ocorreu há quatro bilhões de anos, quando não existia tanta coisa assim por aqui. Podemos considerar que isso foi um golpe de sorte — e se essa colisão tivesse acontecido 3 bilhões de anos depois? Será que a vida que estava em formação teria sobrevivido e se desenvolvido depois? Ou será que não? Bem, provavelmente não. No fim, isso significa dizer que somos produto de uma corrente de acontecimentos fortuitos. E, pessoalmente, é no que acredito.

Os 24 planetas habitáveis

O estudo identificou, mesmo que de maneira superficial, 24 exo-planetas dentro de uma seleção de outros 4500 planetas que conseguem, em tese, sustentar a vida. Não só isso, eles também são fortes candidatos para serem super-habitáveis — o que não quer dizer, infelizmente, que nós teremos colônias ali ou coisas do gênero advindas da ficção científica. Uma pena, eu sei, mas precisamos ser realistas aqui. Os cientistas ressaltam que, pela distância gigantesca entre nós e esses planetas (até 2000 anos-luz e não, não é aquela música dos Rolling Stones), não é possível analisar com exatidão absoluta as características deles. Qual o sentido então? Bem, a pesquisa busca identificar planetas super-habitáveis que estão no espectro de astros já descobertos pela ciência, para mostrar que, além de existirem, eles podem, eventualmente, conter vida – ainda que, de acordo com o artigo, nenhum dos astros possua qualquer rastro de vida. Há também de se considerar que os telescópios ainda não são potentes o suficiente para uma análise mais detalhada. KOI é a sigla para Kepler Objects of Interest, que, em tradução livre, significa algo como Objetos de Interesse de Kepler, sendo Kepler a sonda que foi lançada para fora do sistema solar com o objetivo de procurar planetas habitáveis longe daqui. Em termos práticos, os planetas com essa sigla são possíveis estrelas que abrigam um sistema de planetas, mas não são confirmados – podem, inclusive, ser falsos positivos. Os planetas apresentados podem ter vida fora da Terra e entram na lista de possíveis super-habitáveis. Eles possuem pelo menos algumas das características buscadas pelos pesquisadores para definir um planeta com condições aceitáveis, sendo elas, resumidamente:

Estão em órbita em volta de uma estrela anã de classe K;Idade estimada entre 5 e 8 bilhões de anos;Com até 1,6 vezes mais massa e 10% maior que a Terra;Temperatura média da superfície de até 5ºC mais alta;Atmosfera úmida com até 30% de oxigênio e os outros 70% de gases inertes;Divisão mais ou menos equivalente de áreas terrestres e área aquática;Lua de proporção grande que esteja a uma distância média;Possui placas tectônicas, bem como um campo magnético forte.

Bom, ainda que não possamos sonhar muito alto com relação aos delírios ficcionais, é interessante saber que há planetas tão distantes que podem conter vida fora da Terra. Possivelmente nem eu, nem você, nem seus tataranetos viverão para ver algum deles com mais detalhe, mas a esperança é a última que morre (ou não, a depender da comparação). De todo modo, fica a dica para acompanhar outras descobertas semelhantes. Já visitou algum planeta habitável com vida fora da Terra por abdução extraterrestre ou projeção astral? Nos conte abaixo, na seção dos comentários. Fontes: The Next Web | Medium | Earthsky | Artigo científico | Wikipedia | Washington State University Release | NASA

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