Por meio dessa integração entre as duas empresas, 48 milhões de usuários das carteiras digitais do Mercado Pago no Brasil e no México terão acesso aos checkouts online do PayPal no mundo todo. Já os 300 milhões de usuários do PayPal de ambos os países terão acesso às lojas online e smart checkout que aceitam o Mercado Pago como meio de pagamento. A previsão é que essa integração com o PayPal seja aplicada pelo menos na versão web do Mercado Livre e no checkout (ou link de pagamento) do Mercado Pago até final de agosto deste ano. As empresas devem disponibilizar a nova forma de pagamento nos aplicativos para Android e iPhone até o fim do terceiro trimestre deste ano. Essa nova forma de pagamento integrada ao PayPal faz com que o Mercado Pago passe a ter aceitação global. E esse acordo pode se expandir para outros países onde o Mercado Livre atua.
Mercado Livre e PayPal: como as compras vão funcionar
A ideia é tornar o PayPal uma forma de pagamento no Mercado Livre e também no Mercado Pago, via checkout ou links de pagamento. Isso vai valer para compras em território nacional e também para compras internacionais. No caso de sites de compra estrangeiros, um pagamento via PayPal vai dar a opção de finalizar a compra por meio do Mercado Pago. Se o cliente for do Brasil, na hora de fechar a compra a ferramenta do Mercado Livre vai exibir o valor já convertido em reais, que é um recurso já utilizado no PayPal. Essa nova forma de pagamento é válida para brasileiros que estejam em outro país e estrangeiros que realizarem compras no Brasil. Por mais que as empresas entendam que Mercado Pago e PayPal são consideradas concorrentes, a expectativa é que a adoção da parceria garanta a entrada de uma nova parcela de consumidores: as pessoas “não bancarizadas”. “Nós competimos com o PayPal, mas vamos explorar os pontos em que vemos complementaridade”, disse o vice-presidente do Mercado Pago, Túlio Oliveira. O Mercado Livre informou, em nota, que essa parceria aumenta significativamente o alcance e a escala internacional da empresa. “Além disso, a Xoom (provedor eletrônico de transferência ou remessa de recursos do PayPal) permitirá que os usuários do Mercado Pago nesses países recebam remessas de dinheiro em sua carteira digital”, acrescentou o Mercado Livre.
Contexto da parceria
No final de 2019, o Mercado Livre anunciou que tinha ampliado a parceria com o PayPal no Brasil e no México. Na época, a empresa já havia anunciado que a ideia era permitir que os usuários do Mercado Pago pudessem fazer transações no restante do mundo via PayPal. Essa ampliação ocorreu após o PayPal ter se comprometido a investir US$750 milhões no Mercado Livre, por meio de uma oferta de ações realizada em março. No mesmo comunicado, Tolda acrescentou que o Mercado Livre e o PayPal, embora integrados, vão operar de forma independente. O executivo também explicou que, no caso do Brasil, o acordo visava estabelecer regras para “viabilizar a interoperabilidade entre os arranjos de pagamento, nos termos da regulamentação do Banco Central”. O anúncio ocorreu em meio à uma efervescência de meios de pagamento que ocorria no mercado brasileiro, com centenas de empresas surgindo ao longo dos dois anos anteriores. A “febre” veio do fato desses meios de pagamento poderem ser usados para receber e transferir recursos para contas correntes e até pagar boletos. Essas contas de pagamentos atendem um público que demanda menos produtos financeiros. Por mais que não existam estatísticas oficiais sobre isso, executivos do setor ouvidos pela Reuters estimam que pelo menos 50 milhões de contas de pagamentos tinham sido abertas no Brasil até o final de 2019. Muitas dessas, inclusive, por instituições que têm banco no nome, mas com licença de instituição de pagamentos ou em parceria com eles. No caso do Mercado Pago, as estatísticas até o último trimestre de 2019 apontaram que o volume transacionado na plataforma tinha alcançado US$7,6 bilhões. Na época, o volume de pagamentos fora do Mercado Livre somou US$4 bilhões, representando uma alta de 140,4% na comparação com o mesmo trimestre de 2018, superando pela primeira vez num trimestre o movimento dentro da plataforma de comércio eletrônico. Fontes: Reuters e O Globo