Segundo o Magalu a razão para criar um processo com este formato inédito é que, apesar de ter 53% do seu quadro de funcionários composto por pretos e pardos, apenas 16% do corpo diretivo é formado por pessoas deste grupo. “Claramente, se temos 53% da equipe negra e parda e só 16% de negros e pardos em cargos de liderança, há um problema para resolver com uma ação concreta.” afirmou o presidente da Companhia, Frederico Trajano. O processo seletivo de trainee, que foi aberto no mesmo dia, 18, é composto por seis etapas: testes online; vídeo de apresentação profissional; entrevistas com o departamento de RH; entrevista por diretores de áreas; e, por fim, entrevista com a Diretoria Executiva. A empresa também divulgou salário e os benefícios para os trainees. “A remuneração mensal será de R$ 6.600, além de um bônus de contratação no valor de um salário”. Entre os benefícios estão PLR (participação nos lucros e resultados), VR (vale-refeição) ou VA (vale-alimentação), VT (vale-transporte), convênio médico e odontológico, descontos em produtos, entre outros. Os selecionados também receberão uma bolsa de inglês e acompanhamento profissional para aceleração de carreira com Job Rotation -rodizio de tarefas- e de sessões Mentoria. Segundo a empresa, o processo foi desenvolvido em parceria com diversas entidades dedicadas à inclusão e no combate ao racismo. Entre elas, estão o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), a Faculdade Zumbi dos Palmares e o “Comitê de Igualdade Racial do Mulheres do Brasil”. Para se inscrever no processo seletivo de trainee, basta acessar a página exclusiva do programa. Serão aceitos candidatos formados entre dezembro de 2017 e dezembro de 2020 em qualquer curso superior, exceto para cursos Tecnólogos. Os candidatos também precisam se autodeclarar negros e ter disponibilidade para viagens e mudança de cidades, caso seja necessário.
Processo seletivo de trainees negros repercutiu nas redes sociais
O modelo inédito de processo seletivo causou repercussão nas redes sociais. Contra ou a favor, muitos usuários se manifestaram sobre a exclusividades para negros e fizeram com que o assunto ficasse entre os mais citados no Twitter no último domingo, 20. “Partiu fazer compras na Havan. Não financio racismo!”, escreveu um usuário, criticando os termos do processo. Do outro lado, outra usuária escreveu: “Parabéns, Magalu! Isso se chama equidade. Show!”. O autor e podcaster anônimo Startupdareal comentou sobre o caso: Por isso, alguns especialistas também resolveram se manifestar sobre o tema: além de colunista para a revista Ela, Luana Génot é diretora executiva do ID_BR, instituição parceria do Magalu neste processo. Ela comenta que o modelo garante o que diz a lei 12.288, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades. Por sua vez, também no Twitter, o deputado federal Hélio Lopes disse que esse tipo de processo seletivo é um absurdo e indagou sobre a possibilidade disso ser considerado “racismo reverso”, ou seja, preconceito contra pessoas brancas: Em entrevista ao Estadão nesta segunda-feira, 21, Frederico Trajano, afirmou que a empresa sabia que o anúncio deste tipo de processo seletivo iria desencadear discussões. No entanto, segundo ele: Além disso, ele comentou que investir na diversidade do seu quadro de funcionários vai trazer grandes benefícios para a Companhia, pois, assim como Brasil, a base de consumidores da empresa é bastante diversa. “Queremos resolver um problema que sabemos que temos. Estamos sendo honestos em relação à necessidade de mudar uma realidade que nós mesmos criamos. Somos responsáveis por quem selecionamos e promovemos”. Em nota oficial divulgada nesta segunda-feira, 21, o Magazine Luiza afirmou que o processo seletivo para trainee vai continuar nestes termos, pois a empresa nasceu para incluir. A empresa diz que não quer ser vista como modelo por outras. “Mas temos a obrigação de corrigir tudo aquilo que consideramos como nossos problemas. É isso o que estamos fazendo — sem nenhuma possibilidade de retorno”, conclui o comunicado.
Bayer também investe em um processo inclusivo
O processo seletivo de trainee da Bayer, farmacêutica alemã, também segue os moldes do processo do Magalu. Ele tem 5 fases e a admissão está prevista para dezembro/2020 e janeiro/2021. Sob o slogan “oportunidade para transformar, coragem para inspirar”, toda a campanha é feita por funcionários negros da empresa, como a Cássia Silva, analista pleno de interação com o cliente, e a Iêda Almeida, especialista em unidade. Nesse caso, o salário é de R$ 6.900, mais os benefícios tradicionais do mercado, como assistência médica e odontológica, VT (vale-transporte) e convênio com academias. Outro diferencial é o convênio com uma cooperativa que oferece educação financeira aos colaboradores. As inscrições para o programa estão abertas desde o dia 18/09 e seguem até o dia 21/10. Elas devem ser feitas na página da empresa e a etapa final está prevista para a primeira quinzena de dezembro. “Através desta iniciativa, queremos construir um pipeline de profissionais diversos, abrindo espaço para um ambiente cada vez mais inclusivo, inovador e sustentável”, afirma a Bayer. E você, o que acha do processo seletivo de trainee do Magalu? Inclusão ou exclusão? Deixe aqui embaixo o seu comentário.