Com 170 mil cópias vendidas, o título chegou a bater a incrível marca de 50 mil vendas em apenas sete dias. O feito aconteceu na semana em que foi lançado pela sua desenvolvedora (por US$ 0,99 – cerca de R$ 5,60 no Steam), a Shaikonina, há dois anos. Nele, é possível escolher entre os 12 personagens “fictícios”, baseado em candidatos eleitorais brasileiros. O game vem ainda com quatro modos de jogo, entre eles o modo história e um moto online P2P. Com gráficos em 3D, Kandidatos traz mais de 300 animações de personagens, com áudios e características únicas de cada um. O game conta ainda com a tecnologia Fuzzy, inteligência artificial capaz de se adaptar a quem estiver jogando, tomando decisões conforme a habilidade de cada player, tornando a experiência ainda mais desafiadora.
O criador
Toda a ideia e desenvolvimento veio do estudante Gabriel Nunes, 26 anos, morador de Santos. Em entrevista ao site Metrópoles, Gabriel conta que teve a ideia ao assistir vídeos do humorista Tom Cavalcante imitando Michel Temer. “Foi aí que percebi que o brasileiro preza muito o lado cômico das coisas, nós amamos memes. Desde então pensei em uma forma de transformar isso em jogo, juntar o cômico, memes e políticos tudo num só produto. Foi aí que surgiu a ideia de criar um jogo de luta”, revelou. O desenvolvedor ainda conta que todo o trabalho de criação de cenário, desenvolvimento e design de personagens, programação e animação foram feitos por ele mesmo. A maior dificuldade encontrada durante a execução do projeto, no entanto, foi a parte de programação. “Não é o meu forte”.Para definir os 12 personagens, que vão de Bolsonaro a Lula, Gabriel analisou algumas métricas, como a quantidade de buscas pelos nomes no Google. Dessa maneira, ela conseguiu definir quais eram os mais populares. Assim, incluiu Dilma Roussef, Marina Silva, João Doria, Michel Temer, Hamilton Mourão, Ciro Gomes e outros.
Superpoderes e muitos memes
Além daquela pancadaria já tão familiar em jogos de luta, em Kandidatos cada um dos políticos é capaz de conjurar uma bola de fogo, soltar um hadouken (bola de energia que sai das mãos, criada para o personagem Ryu nos jogos de Street Figther) e um supersoco. No caso das personagens femininas, como é o caso de Dilma e Marina, o movimento é substituído por um superchute. Outro detalhe inusitado são os bordões que podem ser ouvidos durante as partidas. No caso do Bolsonaryo, quando os comandos para a bola de fogo são acionados, o personagem solta um “Covardes!”. Na combinação de movimentos do hadouken, o ex-capitão grita “Canalhas!”. No caso do supersoco, o avatar de Bolsonaro diz: “Vai queimar tua rosca onde tu bem entender”. Todos os áudios da dublagem do jogo foram retirados de declarações públicas do próprio presidente.
Outros títulos também fazem sucesso…
Jogos de luta com políticos surgiram em outros países, mas esses títulos são mais numerosos e populares no Brasil do que em qualquer outro lugar. Por aqui, outros títulos semelhantes também já foram lançados e, assim como Kandidatos, também fizeram sucesso. É o caso do Políticos Memes Kombat. Também desenvolvido por um estúdio brasileiro e disponibilizado apenas para a plataforma Android, o jogo permite que os jogadores controlem famosos políticos brasileiros, no maior estilo soco, chute, pulo e magia. Dentre os personagens estão Jair Bolsonaro, Lula, Ciro Gomes, Michel Temer, Enéas e Cabo Daciolo. Entre os ambientes mais populares usados como cenário, Brasília se destaca. O jogo conta com comandos simplificados sendo voltado para um lado cômico e super divertido. Personagens com golpes e transformações engraçadas são um dos pontos altos do jogo. O ex-presidente Michel Temer, por exemplo, consegue se transformar em um vampiro. Ciro Gomes incorpora o “CangaCiro” em alguns golpes e o presidente Jair Bolsonaro consegue “invocar” o ministro Paulo Guedes para ajudar em alguns combos. Com uma avaliação de 4,8, o game, disponibilizado pela Treta Studio, está disponível na PlayStore para pessoas acima de 13 anos.
… mas nem todos
Outro jogo com esta mesma temática lançado por aqui é o Bolsomito 2K18. Ele faz referência direta ao presidente Jair Bolsonaro. Nele, o player enfrenta personagens de movimentos sociais, gays e feministas. No material de divulgação, o jogador é convidado a derrotar os “males do comunismo”. “Esteja preparado para enfrentar os mais diferentes tipos de inimigos que pretendem instaurar uma ditadura ideológica criminosa no país. Muita porrada e boas risadas”, diz o estúdio de criação na apresentação. A proposta gerou polêmica e tornou-se alvo do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Na época, promotores da Comissão de Proteção dos Dados Pessoais e do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação instauraram um inquérito civil público para apurar os fatos que envolviam o game. Para os promotores, Bolsomito 2K18 causava danos morais coletivos ao público envolvido e “possui clara intenção de embaraçar as Eleições 2018”. Poucos meses depois, a Steam deixou de vender o título após uma ordem da Justiça Brasileira. A venda de Bolsomito 2K18 foi encerrada em todo o mundo no dia 8 de janeiro de 2019, segundo a Valve. A loja digital também forneceu ao MPDFT os dados sobre o criador do jogo, que não foram divulgados publicamente. Eles foram entregues à Espec (Unidade Especial de Proteção de Dados e Inteligência Artificial).
Veja também:
Dados de consumo de games, incluindo no mercado brasileiro, mostram que a indústria deve se preocupar pela falta de diversidade nos jogos, por diversos motivos. Fontes: Yahoo! Finanças, Metrópoles, Correio Braziliense.