De acordo com uma reportagem recente da Bloomberg o CEO do Google, Sundar Pichai, afirmou que a empresa está preparada para manter seus funcionários trabalhando de maneira remota até outubro deste ano. Mas é possível que esse período se estenda ainda mais, já que uma porta-voz da empresa afirmou que ela estaria com planos para deixar seus funcionários trabalhando de maneira remota até 2021. E este tipo de decisão não é algo único do Google, mas uma tendência em muitas grandes empresas ao redor do mundo — como o Facebook, que já avisou a seus funcionários que eles continuarão trabalhando de forma remota pelo menos até o fim do ano. E o mesmo acontece com a Zillow (empresa que oferece soluções online para o ramo imobiliário) e a Sagicor (maior seguradora da região do Caribe), que também já avisaram seus funcionários de que eles continuarão trabalhando de forma remota pelo menos até 2021.
Ouvindo a ciência
Em diversos países (inclusive no Brasil), há um forte movimento político para que as empresas abandonem as medidas de quarentena e voltem a operar normalmente, alegando que o pior da crise já passou. Nos Estados Unidos, este movimento está sendo encabeçado pelos governadores do Texas, da Geórgia e da Carolina do Sul, mas o otimismo que parte da classe política tem ao defender que já passamos pelo pior não é compartilhado por uma boa parte do empresariado — pelo menos não nos Estados Unidos. Uma pesquisa recente efetuada pela Human Resource Executive revelou que apenas 2% dos empresários entrevistados acreditam que será possível acabar com qualquer precaução e retomar às atividades normais em poucas semanas, e 62% estão prontos para seus estabelecimentos fechados e os funcionários trabalhando de casa até que os cientistas e especialistas de saúde digam que é seguro essa retomada das atividades. Assim, mesmo que um governador ou prefeito diga que todos estão permitidos a retomar suas atividades, esses empresários continuarão mantendo suas empresas fechadas caso os especialistas da saúde continuem a defender a manutenção do distanciamento social. Outra alternativa que está sendo explorada é a de retomar as atividades, mas com apenas uma pequena parcela dos funcionários no local. Todos os funcionários da empresa fariam então uma espécie de rodízio, com apenas alguns frequentando o escritório e o restante trabalhando de casa, o que permitiria que mesmo aqueles que retornaram às atividades “normais” possam continuar cumprindo as regras de distanciamento social dentro da própria empresa. E essa retomada cautelosa é algo que encontra apoio também entre os próprios funcionários: uma pesquisa da Glassdoor revelou que 67% dos funcionários entrevistados apoiariam uma decisão dos seus patrões de que eles continuem trabalhando de casa por tempo indeterminado. Entre estas pessoas, quem mais afirma que consegue efetuar seu trabalho de casa com a mesma qualidade que no escritório são aqueles que possuem filhos menores de 18 anos (71%) e as pessoas na faixa entre 18 e 34 anos (68%). Enquanto isso, os empregados na faixa entre 55 e 64 anos são os que têm mais dificuldade com o trabalho remoto, e apenas 44% deles afirmou que conseguem manter a mesma qualidade de serviço trabalhando de casa.
Trabalho remoto como o novo padrão
Outro ponto que muitas empresas concordam é que a pandemia de COVID-19 mudou a visão que os empresários possuem sobre o trabalho remoto. Isto porque um dos principais receios dos patrões era que, caso não estivessem dentro do escritório sob supervisão contínua, os funcionários simplesmente não trabalhariam, e a produção deles cairia muito de rendimento — algo que a obrigação do trabalho remoto devido à pandemia provou que era uma impressão completamente equivocada. De acordo com uma pesquisa da IDG, 71% dos gerentes e diretores da área de TI entrevistados afirmaram que a pandemia mudou a visão que eles tinham de seus funcionários, tornando-os mais propensos a aceitar o trabalho remoto como uma função fixa, e já considerando essa possibilidade no planejamento de seus locais de trabalho quando as coisas retornarem ao normal. Assim, é possível que a ideia de trabalho remoto, que foi abraçada de forma obrigatória por conta das necessidades criadas pela pandemia, se torne o novo padrão em diversas empresas, e uma pesquisa feita pela Global Workplace Analytics estima que, mesmo após o fim da pandemia, entre 25% e 30% de toda a força de trabalho continuará operando no regime remoto até o fim de 2021. Fonte: ZDNet, IDG, Glassdoor, Human Resource Executive, CNBC, Bloomberg