Como Gaslighting foi escolhida a palavra do ano

De acordo com o dicionário Merriam-Webster, um dos mais célebres da língua inglesa, durante 2022 a palavra gaslighting teve um aumento de mais de 1.740% em buscas de usuários pelo significado da palavra – ganhando de termos como LGBTQIA, oligarquia, omicron e Rainha Consorte. O dicionário explica um pouco da história do termo, no anúnco da escolha: ela tem sua origem em uma peça de teatro de Patrick Hamilton datada de 1938, Gas Light, uma narrativa sombria em que um homem utiliza técnicas de ilusão com luz para fazer com que sua esposa acredite que sua condição mental está se Deteriorando, para então poder roubar os bens dela — a manipulação emocional é um dos principais significados atrelados a gaslightning. O mais interessante da escolha é que o dicionário afirma que o termo evoluiu para além da manipulação psicológica e emocional pelo qual, por muitos anos, ficou conhecido. Agora também tornou-se uma importante prática dentro da veiculação e popularidade de Fake News – envolvendo deepfakes de pessoas, por exemplo, apoiando algum movimento específico. Merriam-Webster também menciona a existência do “gaslighting médico”, em que profissionais de saúde ignoram sintomas variados de diversas doenças em seus pacientes — seja por desconhecimento ou preconceito de gênero, raça e sexualidade — , e também a existência de gaslighting na relação de empresas com seus consumidores – como por exemplo o pinkwashing, em que uma corporação parece ser pró-LGBT no marketing para aumentar suas vendas mas, internamente, até mesmo financia movimentos contra essas minorias.  Não mencionado pelo dicionário, mas também muito em voga desde que os protestos Black Lives Matter começaram a ocorrer após o assassinato de George Floyd, está o gaslighting racial, em que as experiências de pessoas de cor em contextos opressivos começam a criar pensamentos questionadores sobre o racismo nelas – uma situação triste e que mostra o quanto como sociedade ainda temos que lutar muito contra esses comportamentos.

Mas o que é gaslight?

Mesmo com todo esse contexto socioeconômico para a escolha de gaslighting como a palavra do ano do dicionário, é importante lembrar o significado mais comum do termo: sua aplicação em relações pessoais abusivas. Nesse contexto, o gaslighting é aplicado de forma que uma vítima comece a questionar sua realidade para pensar que os problemas em dada situação podem ser sua culpa – um exemplo comum é uma mulher que sofre agressões constantes do parceiro e é levada a entender que a agressão ocorre por culpa dela própria. Outro exemplo é o famoso “mas não aconteceu nada!“, em que uma das partes em um relacionamento, seja amoroso, familiar ou mesmo de trabalho, após realizar uma ação não muito boa nega firmemente que ela tenha ocorrido, levando a outra parte a começar a questionar o que ela sentiu. No fim, tudo isso só mostra o quão manipulações, seja no âmbito emocional ou mesmo político, são parte importante do dia a dia mundial – ao ponto de até mesmo ganhar uma premiação como essa de palavra do ano. Complicado, não? Veja também: Google anuncia 1º Sistema de Alerta de Inundações baseado em IA e Machine Learning no Brasil Fonte: Merriam Webster, Cleavenand Clinic, Insider, HR Reporter

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