Como o estresse deixa o cabelo branco?
O que antes era uma lenda urbana, tornou-se verídico durante uma pesquisa científica em camundongos pretos que ficaram desconfortáveis. Depois de um tempo, os animais começaram a ter alguns fios brancos, chamando bastante atenção dos cientistas. Então, eles entenderam que o estresse era o principal causador desse efeito, o que era meia verdade. Tudo começa no Sistema Nervoso Simpático (SNS), o responsável por alterar o funcionamento do nosso organismo em situações de ameaça, ansiedade, medo etc. Nesses estados, a frequência cardíaca aumenta para que mais sangue circule pelo corpo, nos deixando preparados para o pior. Para isso, o SNS manda informações através de nervos para que as células liberem hormônios. No entanto, um dos hormônios principais para essa mudança no funcionamento do corpo humano é a noradrenalina, liberada na artéria para aumentar o fluxo sanguíneo, a respiração e, consequentemente, a frequência cardíaca. O grande problema são as células-tronco de melanócitos nos fios de cabelo, sendo elas as produtoras da pigmentação que dá cor aos nossos pelos. Quando ficamos estressados, a noradrenalina acaba danificando estas células. Por consequência, as células-tronco não conseguem restabelecer a coloração dos folículos capilares e os fios brancos proliferam-se. Então, sim, o estresse pode deixar o cabelo branco. De acordo com estudos recentes de Martin Picard, professor de medicina comportamental pela Universidade de Columbia, há uma possibilidade de reverter essa condição capilar. No entanto, ele também pontua haver um limite de idade para o branqueamento dos fios de cabelo. Um garoto de 10 anos que passar por muito estresse dificilmente ficará com seus cabelos brancos, contudo, um adulto na meia-idade está próximo desse limite, logo, é provável que isso ocorra. Em contrapartida, Rauf Paus, professor de dermatologia pela Universidade de Miami, dá uma boa notícia ao informar que os camundongos não possuem um organismo igual aos seres humanos, portanto, é possível que existam diferenças a serem consideradas. Independente das idades e dos resultados científicos, é válido ressaltar que o estresse deve estar sob controle, visto que este ainda possui influência significativa sobre o nosso corpo e como ele funciona.
Como o estresse afeta nosso organismo?
Como foi possível verificar, o estresse detém uma grande influência em nosso corpo, visto que ele incita o SNS à criação de hormônios para que o organismo esteja preparado para ação. Nossos ancestrais dependeram completamente desse mecanismo para sobrevivência, e ele continua sendo muito importante. Porém, em excesso, o estresse pode ser um grande vilão para a saúde. Já sabemos que o estresse faz o coração bater mais rápido e aumentar o fluxo de sangue pelo corpo. A longo prazo, ele pode obstruir a passagem de sangue, complicando o trabalho do coração e, como sequela, pode ocasionar problemas cardíacos, sendo o infarto um fatídico exemplo. Além da noradrenalina há também o cortisol, apontado como o hormônio do estresse. Em altos níveis, esse elemento pode danificar e influenciar no hipocampo, área cerebral fundamental para a memória. De igual forma, outras partes do cérebro também podem sofrer mudanças negativas, como o córtex pré-frontal, que nos permite pensar, planejar e lidar com emoções.
Isso tem a ver com o envelhecimento também?
Antes de responder essa pergunta, é necessário deixar algumas informações em evidência. A primeira delas é de que existem diferentes tipos de estresse, cada um deles possuindo uma frequência. Segundo a Associação Americana de Psicologia (APA), eles são:
Estresse agudo: ocorre por um único momento, por exemplo, quando estamos prestes a bater o carro ou ao enfrentar algum tipo de desafio. Alguns sintomas comuns são a dor de cabeça, mãos suadas, taquicardia, dores musculares, entre outros;Estresse agudo episódico: ocorre quando o motivo se repete, por exemplo, quando há um curto período para entregar um trabalho ou bater uma meta. Os sintomas do tipo anterior agravam-se, apenas há adição de dores no peito e doenças cardíacas;Estresse crônico: ocorre constantemente, quando uma pessoa não para de se sentir estressada, mesmo em seus momentos de descanso. Aqui os sintomas beiram a depressão e ansiedade, portanto, é comum sentir tristeza, fadiga, alteração no sono, dificuldade de sentir prazer e relaxar.
Normalmente, ligamos a idade avançada ao aparecimento de fios brancos, isso já está inserido em nossa sociedade. Não há nenhuma mentira nisso, pois, com o avançar da idade, as células-tronco de melanócitos produzem pouca ou nenhuma melanina, causando a perda de cor dos fios capilares. Porém, os tipos de estresse, principalmente o crônico, denotam um envelhecimento precoce. Nós, seres humanos de carne e osso, necessitamos de descanso e momentos de relaxamento. A principal vítima do estresse é a pele, que facilmente demonstra os primeiros sinais de quando estamos constantemente sob o efeito do cortisol. A pele sofre com o aparecimento de olheiras, rugas e a queda de cabelo, pois a renovação dela é retraída demasiadamente quando não descansamos de forma adequada. Portanto, isso acaba trazendo uma aparência de que estamos acabados, dando a entender que o estresse envelhece.
Como diminuir e evitar o estresse?
Podemos considerar que boa parte da população sofre com o estresse e para amenizar é extremamente necessário que algumas mudanças sejam feitas, iniciando com hábitos alimentares melhores, prática de exercícios, tempo de qualidade com que ama e consigo mesmo e, principalmente, um bom descanso. Caso se identifique com qualquer um dos sintomas citados acima ou esteja preocupado com sua saúde capilar, procure por especialistas no assunto imediatamente. Dermatologista, nutricionista, psicólogo e psiquiatra são alguns dos agentes que lhe auxiliarão de forma mais significativa sobre o assunto. Fontes: Nature, LiveScience, News in Health, Pocket, The American Institute of Stress, ScienceDaily, National Library of Medicine, BetterUp