Eles também já foram temas de filmes, séries e protagonizaram acontecimentos históricos marcantes, como a destruição da cidade de Pompeia, na Itália, no ano 79. Em 1738 as ruínas da cidade foram desenterradas e diversos objetos ainda estavam conservados, incluindo os restos mortais dos cidadãos que possibilitaram a criação de moldes com o formato de seus corpos. Mas o que muita gente pode desconhecer, é que o nosso País também possui alguns desses gigantes naturais. Felizmente, já estão todos inativos (extintos), graças a localização privilegiada do Brasil no meio da placa tectônica Sul-Americana. A seguir você vai saber mais sobre alguns desses locais, que um dia já foram verdadeiros oceanos de magma.
Vulcões nem sempre trazem apenas prejuízos
É comum associar os vulcões apenas a destruição, mas eles são responsáveis por boa parte da fertilidade do nosso solo. Após as erupções, as rochas e cinzas esfriam e sofrem as ações dos agentes intempéricos, que são a chuva, sol, vento, entre outros. Após esse longo processo, que pode durar milhares de anos, o local ao redor do vulcão pode se tornar extremamente fértil, por isso era comum que civilizações antigas construíssem suas cidades em volta dos gigantes de lava. No Brasil e no mundo, existem vários locais que são favoráveis a plantações graças às origens vulcânicas. As regiões Sul e Sudeste são ótimos exemplos desse fenômeno, pois na era mesozoica, há cerca de 200 milhões de anos, essas manifestações deram origem ao que os cientistas chamam de rochas do tipo basáltico. Após a decomposição das pedras pelos agentes intempéricos, o solo sofre uma espécie de “adubação natural”, criando a terra roxa (que na verdade é avermelhada). Isso até explica porque o Brasil é um dos países líderes em produção agrícola com mais de 400 itens.
O vulcão mais
antigo do mundo
A Amazônia hoje guarda a maior biodiversidade do planeta, com seu terreno fértil e cobiçado. Se pudéssemos voltar no tempo, por volta de 1,9 bilhões de anos, veríamos um cenário completamente diferente. Na realidade seria um completo caos, pois a região era tomada por vulcões de diferentes tamanhos que moldaram toda à floresta. No início dos anos 2000, os cientistas começaram a descobrir uma série de estruturas vulcânicas, algumas com caldeiras de até 20km de diâmetro. Na época das erupções, devido à intensa atividade vulcânica, a vida se resumia apenas a bactérias e algas. Em 2002, foi descoberto o mais antigo de todos: o vulcão Amazônia. Com sua caldeira de 22 km de diâmetro, acredita-se que ele chegou a alcançar 400 metros de altura no auge das erupções. Esse verdadeiro monstro fica localizado na região de Uatumã, entre os rios Tapajós e Jamanxin, no estado do Pará.
Mito ou
verdade?
Existem outros locais que por muito tempo as pessoas acreditaram que existiam vulcões, são esses: Poços de Caldas, em Minas Gerais; Caldas Novas, em Goiás; e Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. O problema é que em dois deles já tiveram comprovação de que não possuem vulcões, como é o caso de Poços de Caldas. Essa cidade mineira fica em um ambiente que, visto de cima, é bastante similar a uma caldeira vulcânica. Foi constatado que se trata apenas de uma formação de relevo, sem sinal de que havia atividade vulcânica no local. Já no estado de Goiás, Caldas Novas é famosa por suas fontes termais que atraem turistas de todo o País. Isso foi o suficiente para que acreditassem que a temperatura das águas fosse por influência de algum vulcão na região, mas essa informação também foi desmentida. Águas termais são um fenômeno natural, no qual as águas se infiltraram em camadas mais profundas da terra, onde a temperatura é mais elevada. No caso do Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, há evidências que ocorreram atividades vulcânicas no local, porém, é difícil achar uma fonte que confirme tal informação com certeza absoluta. O site da prefeitura diz que o local “expõe as estruturas subterrâneas abaixo do vulcão tal como condutos subvulcânicos”. A área é protegida da Mata Atlântica e está aberta para visitação de turistas.
Ilhas de
origem vulcânica
Nosso litoral também está repleto de ilhas que se formaram devido às erupções vulcânicas. Como é o caso de um dos nossos cartões postais mais famosos: o Arquipélago Fernando de Noronha, que fica localizado a 360km da costa do Rio Grande do Norte. Esse é o único arquipélago vulcânico que é habitado por uma população fixa. As ilhas de Trindade e Martim Vaz ficam a 1.200km do Espírito Santo. Nela apenas um grupo de cientistas da marinha brasileira vivem e estudam o local. Em Pernambuco, fica um pequeno conjunto de ilhéus rochosos chamados de Penedos de São Pedro e São Paulo. São territórios minúsculos, em comparação com as demais, com pouco mais de 600 metros de diâmetro. O litoral do Rio Grande do Norte é outro que guarda um pequeno santuário para os animais: Atol das Rocas. O local não possui vegetação, mas suas rochas formam um círculo que protege uma biodiversidade extremamente frágil, tanto que o lugar é proibido para turistas. Em 2019, Atol completou 40 anos como a primeira reserva natural do País. Com 2,5km de extensão e 3,7 de diâmetro, esse pequeno recife era um estorvo para os navegadores na época das grandes embarcações. É interessante notar como o Brasil deve muitas de suas belezas aos vulcões que, há muito tempo, moldaram nossas regiões mais ricas com rios de magma incandescente. Ao mesmo tempo, é um alívio saber que não corremos mais o risco de sofrer desastres naturais causados por esses gigantes de lava.