Caso tudo se confirme, Feder será o quarto Ministro da Educação da gestão Bolsonaro, e pegará um ministério que atualmente se encontra em estado de caos após a saída de Abraham Weintraub — que saiu do país logo após entregar o cargo — e a rápida passagem de Carlos Alberto Decotelli, que entregou o cargo antes de tomar posse devido à polêmicas com o currículo, pois afirmava possuir títulos de doutor e pós-doutorado que foram desmentidos pelas próprias universidades que ele dizia ter se titulado. Feder não é uma escolha surpreendente, já que o secretário de Educação do Paraná era uma das opções para o cargo de ministro desde a saída de Weintraub. Ele é visto por líderes do governo como um perfil “apaziguador”, e é bem próximo do chamado “Centrão” do Congresso Nacional, grupo do qual Bolsonaro vem tentando se aproximar nos últimos meses. Na época da escolha de Decotelli, havia um consenso de que Feder não tinha sido escolhido para o cargo por conta do presidente preferir nomear alguém com mais idade (Decotelli tem 70 anos, enquanto Feder apenas 42), mas rumores nos corredores do Planalto afirmam que o motivo para que o atual ministro não tenha sido a primeira escolha para o cargo tenha sido a relação que o empresário possui com João Dória (governador de São Paulo e um desafeto político de Bolsonaro).
As polêmicas do novo ministro da educação
Assim como a nomeação de Decotelli, a de Renato Feder como Ministro da Educação também não deverá ser isenta de polêmicas, e muito por conta da atuação dele no setor privado. Isto porque, entre 2003 e 2019, Feder foi parte importante da diretoria da Multilaser, empresa especializada em produtos de informática, onde chegou a atuar como CEO e só se afastou para assumir o posto de secretário da Educação do Paraná, quando foi convidado pelo atual governador do estado, Ratinho Jr. É neste período com a Multilaser que estão algumas das maiores polêmicas de Feder. Em 2016, Feder e Alexandre Ostrowiecki (sócio do novo Ministro da Educação e atual CEO da empresa) foram denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por fraude de R$ 3,2 milhões no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). De acordo com posicionamento oficial da Multilaser, essa evasão ocorreu por mudanças na lei fiscal do estado de São Paulo, já que o governo possuía uma dívida de R$ 95 milhões com a empresa, e até 2013 era possível que empresas na situação da Multilaser pudessem abater valores referentes à coleta do ICMS do valor da dívida pública (ou seja, o ICMS devido era pago não pela empresa, mas pelos cofres do Estado de São Paulo, que devia a ela). Desde que a prática foi suspensa a Multilaser recorre para que ela seja retomada, e por isso ela estaria esperando o resultado desta ação para liquidar a dívida de ICMS. O processo está em fase de tramitação no Tribunal de Justiça de São Paulo mas, como corre em sigilo, é impossível confirmar o motivo da ação em andamento. Apesar de Feder não ser mais o CEO da Multilaser, ele ainda possui vínculo com a empresa e se mantém como sócio de Ostrowiecki. Outra polêmica do novo ministro da Educação é relativa a um livro que ele escreveu em parceria com Ostrowiecki e publicou em 2007. Em Carregando o Elefante, os autores criticam todo o aparato estatal brasileiro e defendem a privatização do ensino público, usando frases de efeito como “a iniciativa privada é intrinsecamente mais eficiente na gestão de qualquer coisa” e “assim como é melhor que uma empresa privada frite hambúrgueres do que o governo, o mesmo ocorre no caso de uma escola”. Mas, apesar de ter publicado este pensamento em livro, Feder afirma que não concorda mais com a privatização da educação. Em entrevista para o jornal Gazeta do Povo logo após sua nomeação para secretário de Educação do Paraná, ele foi categórico ao afirmar que não concorda mais com a privatização ou com a terceirização da educação, e que mudou de opinião após estudar mais sobre o assunto e constatar que não existem evidências empíricas que mostrem vantagens para uma um sistema de educação baseado em voucher — algo que defendia em seu livro. Atualização: Neste domingo, Feder utilizou sua página no Facebook para afirmar que recusou o convite para o cargo. Fonte: IstoÉ, Congresso em Foco, Metrópoles, Bahia Notícias