No comunicado enviado a funcionários da rede social, Agrawal afirma que “a nomeação de Elon para o conselho deveria se tornar efetiva de maneira oficial em 9 de abril, mas Elon informou naquela manhã que não se uniria ao conselho”. O executivo ainda completou dizendo que “acredito que isso seja para o melhor. Temos e sempre valorizamos a contribuição de nossos acionistas, estando ou não em nosso conselho. Elon é nosso maior acionista e continuaremos abertos a suas contribuições”.
A compra das ações do Twitter
Apesar de ter sido divulgada na segunda-feira da semana passada (4), através da publicação de um documento regulatório, a compra das ações por Musk aconteceu no dia 14 de março. De forma geral, o mercado reagiu de forma positiva ao interesse do bilionário pelo Twitter, que acumulou uma alta de 30% no valor de mercado no dia do anúncio, chegando a ser avaliado em mais de US$ 40,8 bilhões — o maior valor desde novembro do ano passado. Apesar da porcentagem de 9,2% parecer pequena, ela é de “se espantar”, segundo o analista Dan Ives. De acordo com ele, a porcentagem equivale a 73,5 milhões de ações da rede social. A participação acionária de Musk chega a ser quatro vezes maior que a do fundador do Twitter, Jack Dorsey, que deixou o cargo de presidente-executivo da companhia em novembro do ano passado. A relação entre Musk e Agrawal não é das mais amistosas. Em novembro do ano passado, quando o atual CEO do Twitter assumiu o cargo de comando, Musk chegou a compará-lo ao ditador soviético Joseph Stalin. Esse clima poderia levantar ainda mais desafios para o futuro da plataforma. Atualmente, além de Parag Agrawal, o conselho da rede social também conta com os seguintes nomes:
Jack Dorsey, fundador do Twitter e da fintech Square;Bret Taylor, co-CEO da empresa de automação de marketing Salesforce;Mimi Alemayehou, vice-presidente sênior de parcerias da Mastercard;Ergon Durban, co-CEO da gestora de investimentos Silver Lake;Martha Lane Fox, membro do conselho da WeTransfer e da Chanel, e ex-diretora executiva da lastminute.com;Omid Kordestani, ex-presidente executivo do Twitter;Dr. Fei-Fei Li, professor da Universidade de Stanford;Patrick Pichette, sócio da gestora de investimentos Inovia Capital e ex-CFO (diretor financeiro) do Google;David Rosenblatt, CEO da loja de decoração online 1stdibs.com;Robert Zoellick, ex-diretor do conselho de acionistas da gestora de investimento AllianceBernstein Holding.
Relação conturbada e polêmicas
Elon Musk tem uma relação de amor e ódio com o Twitter, principalmente devido às polêmicas em que já se envolveu na rede social. Seus tweets, que vão desde comentários sobre seus negócios até declarações sobre cultura pop e eventos atuais e memes, são acompanhados de perto por mais de 80 milhões de seguidores, mais do que qualquer outro CEO na plataforma. Ele também é conhecido por comentários a respeito das criptomoedas, mostrando-se um grande influenciador dentro deste mercado, já que suas palavras têm poder para transformar todo um cenário em apenas poucos segundos. O empresário é também um crítico sobre liberdade de expressão e políticas de moderação de conteúdo no ambiente online. No mês passado, Elon Musk realizou uma enquete no Twitter onde perguntava: “A liberdade de expressão é essencial para uma democracia em funcionamento. Você acredita que o Twitter adere rigorosamente a esse princípio?” Cerca de 70% dos respondentes votaram não. A enquete contou com a participação de mais de dois milhões de pessoas. Em 2018, Elon Musk foi investigado pela Security Exchange Comission (SEC) após ter postado um tuíte na rede social, em que dizia: “Estou considerando tornar a Tesla privada quando as ações chegarem a US$ 420 cada”. A SEC entendeu que Musk poderia ter cometido fraude e manipulação de mercado, principalmente porque a mensagem impulsionou o valor de mercado da montadora, subindo de US$ 58,1 bilhões para US$ 64,5 bilhões em apenas 24 horas. Para resolver essa situação, em 2019 ele aceitou um acordo no qual precisaria submeter seus tuítes a uma revisão antes de serem publicados, além de ter pagado uma multa milionária de US$ 40 milhões. Além de sua briga com a SEC, Elon Musk também enfrentou críticas por usar o Twitter para espalhar alegações enganosas e inflamatórias sobre a COVID-19, e por zombar do presidente Joe Biden e dos senadores Elizabeth Warren, Ron Wyden e Bernie Sanders. Musk também postou, no início deste ano, um meme comparando o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau a Adolf Hitler. Recentemente, Musk ainda cogitou criar a sua própria rede social, assim como fez o ex-presidente Donald Trump no ano passado. As intenções demonstram uma insatisfação com as políticas atuais do Twitter, plataforma que já foi criticada por censura em outras oportunidades. Mesmo com tantas polêmicas e relação conturbada, Agrawal acredita que ter Musk entre os acionistas deve fortalecer a empresa no longo prazo. “Ele é um usuário apaixonado e um crítico intenso do serviço, que é exatamente o que precisamos no Twitter”, postou o CEO da rede social. Veja também: No início de janeiro, o Twitter liberou o uso de NFTs como foto de perfil. Saiba como funciona a novidade que não exige pagamento adicional. Fontes: Business Insider, Nova Post.