A primeira coisa que posso dizer sobre Stranger Things 4 é que felizmente ela não é ruim. Eu estava com um pouco de medo das coisas ficarem grandes demais, saírem do controle e perder a essência da série. Após o anúncio de que os episódios seriam todos com mais de 1 hora de duração, fiquei com ainda mais medo, mas de novo, fico feliz que o resultado foi positivo.
Novos rostos, novos grupos
Independente de qual momento da série seja o seu favorito, é inegável que os personagens sempre foram o ponto mais alto dela. No começo tínhamos apenas um grupinho de crianças tentando resolver um enigma para salvar um amigo, mas a relação deles com toda a questão da amizade com a Onze no meio é o que dava sustância para a história. Além do elenco já conhecido, Stranger Things 4 adicionou Eddie Munson, o líder dos Hellfire, grupo de nerds roqueiros que jogam D&D por aí. Embora ele não apareça tanto, ele já conquistou todo mundo e não vejo a hora de assistir à cena do solo de guitarra (sim, ela ficou para o volume 2). Outra novidade no elenco fica por conta de Argyle, o novo amigo de Jonathan Byers. Ele é basicamente o cara maconheiro que só fala em maconha e tem o cabelo do Wesley Safadão. Eu me diverti com suas cenas, admito, mas caso não seja sua praia esse tipo de humor, talvez você só ache ele bem chato mesmo. Já quando voltamos para o elenco principal, a narrativa de Stranger Things 4 optou por separar tudo em locais. Como vimos no final da terceira temporada, Onze, Joyce, Will e Jonathan Byers foram para a Califórnia. A nova temporada muda um pouco as coisas ao trazer Mike para a Califórnia também, criando grupos diferentes, com novas dinâmicas. Com o passar dos episódios e esses arcos se desenvolvendo, senti que essa escolha narrativa pode ser problemática por aqui. Hawkins sempre foi o foco da série e continua sendo, então por mais que a série comece a colocar a Joyce viajando para a Rússia atrás do Hopper, por exemplo, isso começa a ficar chato com o passar dos episódios e parece não ser tão importante. Esse sentimento alcança também os outros grupos que não envolvem Hawkins diretamente. Somente a jornada de Onze parece ser interessante fora do núcleo principal de Hawkins e por mais que seja um pouco maçante de assistir essas partes, elas têm uma importância gigante tanto para a série quanto para a personagem em si, então eu dei um desconto.
Arcos bem trabalhados e boas atuações
O elenco de Stranger Things ganhou caras novas também no que diz respeito à parte “vilanesca” da série. Temos a parte do Mundo Invertido com o novo monstro chamado Vecna, mas acho importante pontuar Jason e seus amigos jogadores. Eles são os jogadores de basquete da escola e conforme os dramas da temporada acontecem, eles se revelam bem ruins e com um pensamento bem… curioso. Lucas está nesse grupo também por estar finalmente se sentindo bem consigo mesmo e não se sentindo mais um “perdedor”, mas nos episódios posteriores vimos que esse grupo é algo que beira o ridículo nas suas ideias, embora seja algo que aconteça até os dias de hoje. Com um discurso bem exagerado e até político, Jason usa passagens bíblicas e outras coisas para acusar Eddie e o Hellfire de estarem conectados com uma seita satânica. Eu automaticamente conectei toda essa história com a mídia e as pessoas culpando sempre os videogames, por exemplo, quando alguma tragédia acontece com adolescentes. Se por um lado temos esse núcleo mais “irônico” da série, Stranger Things 4 eleva o seu nível dramático com a personagem da Max (Sadie Sink). Acompanhamos diversos dilemas dela e quando chegamos enfim no episódio 4, intitulado Dear Billy (Querido Billy, em português) a série fecha um ciclo maravilhoso com a personagem, que trabalha muito bem os seus problemas psicológicos, traumas e a forma como tudo é resolvido é muito prazeroso de se assistir. (SPOILER sem contexto: estou viciado em Kate Bush agora). Outro grande destaque da temporada até aqui fica por conta de Robin (Maya Hawke), que continua a amizade com Steve, mas a situação leva ela a se juntar novamente com Dustin, Max e agora com Nancy também. Essa combinação funciona muito bem e, embora Robin fale demais e beire o irritante muitas vezes, é inegável a qualidade da sua atuação, com destaque ao episódio 4, onde ela simplesmente toma uma cena toda para ela da forma mais inesperada possível e funciona perfeitamente bem.
Conclusão e expectativas para o volume 2
A quarta temporada de Stranger Things, pelo menos em sua primeira parte, funcionou bem e deve agradar à maioria. Eu adorei as novidades com os personagens, mas senti que ficar dividindo a narrativa em histórias paralelas não foi uma sacada tão boa. Felizmente o elenco é bom e mesmo que essa narrativa não esteja funcionando sempre, a interação desses personagens funciona muito bem. E novamente, com a adição dos novos rostos, essa interação ficou ainda mais interessante e facilita na hora de digerir tanto as coisas chatas quanto as que são mais interessantes. Apesar de termos 7 episódios, muita coisa neles foi para explicar e de certa forma tivemos alguns retcons (continuidade retroativa, no Brasil) que embora mexam um pouco na história já estabelecida, funcionam bem na nova temporada de Stranger Things. E você, já assistiu ao volume 1 de Stranger Things 4? Deixe suas considerações aqui embaixo, mas cuidado com spoilers, hein. O segundo volume com os dois últimos episódios volta no dia 1.º de julho, então fique ligado aqui no Showmetech para conferir todas as novidades. As três primeiras temporadas e o primeiro volume já está disponível na Netflix