As criptomoedas, bem como o mercado de commodities, passaram por um nível elevado de volatilidade desde que a Rússia anunciou uma operação militar na Ucrânia, marcando o início do conflito entre as duas nações.
Oscilação das moedas digitais ao longo do conflito
A preocupação com os efeitos do conflito entre Ucrânia e Rússia ganha ainda mais sentido quando falamos de economia global direta e indireta, em tópicos abaixo explicamos melhor esse conceito. Além disso, é um momento de repensar investimentos, as relações com as criptomoedas, gastos e outras questões relacionadas à economia. Todavia, não são todos os casos que envolvem problemas de curto a longo prazo. Em relação às criptomoedas, por exemplo, a situação pode ser considerada positiva se olhar por determinado ângulo. Diversas moedas digitais estão se valorizando a cada dia, diferentemente do início da invasão russa no território ucraniano. De imediato, as criptomoedas despencaram, provocando pânico ao redor do mundo. No dia 24 de fevereiro, 150 bilhões de dólares foram retirados do mercado cripto de forma abrupta. Isso porque com um movimento de guerra incerto no contexto de um mercado recente como das moedas digitais, investidores experientes comumente vão desfazer suas posições ativas de risco. Porém, 6 dias após o início da guerra, a economia global observou a situação dar uma volta por cima com a alta de 6,18% dos Bitcoins, além do aumento significativo de outras moedas digitais. A valorização das moedas se dá a partir das sanções aplicadas contra a Rússia por países de grande referência na economia mundial, como Estados Unidos e a Europa. Inclusive, a desvalorização repentina do rublo russo frente ao dólar fez com que cidadãos russos, com medo do que viria a seguir diante da queda da economia da Rússia, depositassem seus investimentos em áreas com menos risco de serem afetadas diante da guerra, optando assim pelas criptomoedas. Além disso, refugiados do país russo, com medo de assaltos e furtos diante das travessias arriscadas para outros países, depositaram suas economias em moedas digitais. Contudo, o governo de Vladimir Putin proibiu os moradores da Rússia de transferirem seu dinheiro para o exterior – como uma tentativa de manter a valorização do rublo russo e proteger sua economia, o que proporciona um conforto ainda maior ao depositar suas fichas nas criptos. Desde o início da guerra, a movimentação de moedas digitais tem acontecido em larga escala, um movimento que nunca havia sido observado. Inclusive, a Rússia passou a utilizar as criptos como forma de realizar transações e escapar das sanções impostas pelo ocidente. Ademais, as criptomoedas também têm sido utilizadas como forma de doações para o país ucraniano – que é o lugar onde mais se usa moedas digitais em todo o planeta – recebendo o dinheiro para investir em equipamentos militares, ajuda humanitária, comida e kits médicos. Ao todo, o país já recebeu cerca de 54 milhões de dólares em bitcoin.
Uso das criptomoedas nos dois lados da guerra
As criptomoedas são observadas com destaque em ambos os lados da guerra. Tais ativos têm sido um forte instrumento para o governo ucraniano, pois conseguiram receber doações de pessoas de todo o mundo que apoiam a nação em sua luta contra a Rússia. Até agora, o governo ucraniano fez parceria com FTX e Everstake para lançar um site de doações. Inclusive, vale mencionar que o parlamento da Ucrânia aprovou um projeto de lei para legalizar a criptomoeda e preparar uma estrutura para a regulamentação de ativos como Bitcoin e Ethereum em fevereiro. O presidente do país, Volodymyr Zelenskyy, sancionou esse projeto de lei no dia 17 de março. Já no outro lado, os criptoativos estão no papel de driblar as sanções impostas pelos países Ocidentais. Assim, o Bitcoin, a criptomoeda mais famosa do mundo, foi valorizada e chegou a ser negociada acima de U$ 44 mil (R$ 221 mil) neste mês de março, quando atingiu a maior alta em um ano.
Conflito causa cenário incerto de investimentos
Antes do bombardeio da Rússia contra a Ucrânia no dia 24 de fevereiro, as falas do presidente russo já colocavam em risco a economia do mercado. Apenas alguns dias depois do primeiro míssil lançado, as bolsas europeias chegaram a um valor inferior em quase um ano de alta. Além disso, em duas semanas de guerra, mais de 50 empresas gigantes no mercado mundial anunciaram sua saída da Rússia imediata por não compactuar com os ideais de um bombardeio na Ucrânia, como a Ford, McDonald’s, Coca-Cola, Apple, BMW e muitas outras. Nesse caso, a grande questão entre os efeitos da guerra que envolve investidores ao redor do globo é pensar sobre a importância de adaptar suas carteiras. Na busca por mais segurança, o movimento de saída da renda variável diante do aumento do preço do petróleo, aço, gás, grãos, trigo e outros produtos já pode ser percebido. Isso porque diante da possibilidade de um aumento da inflação, relacionado diretamente com a suspensão das exportações feitas de ambos os países envolvidos, muitas empresas podem passar a se apresentar como uma alternativa. Inclusive, com um aumento no preço das commidities (matérias-primas), a relação de oferta e demanda acaba proporcionando um aumento no preço das ações. O dólar, no caso, vinha em queda bastante acentuada desde o início do ano, porém, diante dos conflitos e a inflação proporcionada pela escassez das matérias-primas, a moeda americana tem fechado em alta. Como há de se esperar, a guerra proporciona um cenário incerto e de muita oscilação. Por isso, os investidores tendem a fugir para ambientes mais seguros, condicionando a moeda americana em um jogo de sobe e desce constante, inclusive em relação ao real.
Como proteger os investimentos em meio a conflitos globais?
Em meio ao conflito entre Ucrânia e Rússia, é possível se manter estável no mercado de ações. Para quem já é um investidor experiente, aproveitar a alta do petróleo pode ser uma boa ideia. O investimento em empresas exportadoras irá se beneficiar de um maior reajuste e em consequência, as ações irão subir. Procurar empresas que são defensivas contra a inflação também é uma maneira mais certeira de manter os investimentos em dia. O setor elétrico, por exemplo, possuí um faturamento que é protegido contra pressões inflacionárias. O ouro permanece sendo valorizado e a guerra no Leste Europeu fez o metal ganhar ainda mais força em 2022. Esse é com certeza uma espécie de investimento que não mede inflações, porque não pode ser manipulado através da política ou por uma situação econômica, como o conflito atual. E, inclusive, a Rússia é a segunda maior produtora de ouro em todo o planeta, portanto, durante um período de turbulência e matérias-primas em escassez e produtos sofrendo reajustes nos valores, o ouro é um destaque e uma garantia de investimento. Utilizar o urânio como forma de proteger os próprios investimentos também podem render muito para quem precisa de uma reserva de valor. Por depender da fonte de energia da Rússia, a União Europeia repensa em reativar as próprias usinas nucleares. Nesse caso, o urânio é um dos elementos químicos essenciais para compor esse tipo de energia. Dessa forma, investir nesse produto pode garantir um estoque seguro.
Impacto na economia direta e indireta
A economia sofrerá um impacto gradual e de longo prazo com os efeitos da guerra. Com a inflação subindo, o conflito vai mexer com todo o globo, direto e indiretamente. Assim como o preço dos alimentos, combustível, eletrônicos, outros produtos serão reajustados. Uma das economias mais afetadas diretamente é a da Rússia. As sanções impostas por outros países para impedir que as exportações do país de Vladimir Putin sejam aceitas interferem diretamente no mercado russo. A União Europeia, por exemplo, aprovou novas sanções que proíbem investimentos no setor de energia do país, exportações de bens de luxo e importações de produtos siderúrgicos. Além disso, a Europa ainda é dependente da energia que vem diretamente da Rússia, sendo que uma sanção que impede a importação desse bem de consumo, além de impactar diretamente a iniciativa de produção própria pela União Europeia, projeta uma desvalorização ao rublo russo. Inclusive, a economia da Rússia depende diretamente da exportação de petróleo e gás, sendo a segunda maior exportadora do produto em todo o mundo. Entretanto, com as sanções impostas pelos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, o petróleo enfrenta um problema jamais visto há mais de 40 anos. No Brasil, já é possível sentir o encarecimento da gasolina e do gás de cozinha com a relação dos produtos importados passarem pelo efeito de oferta e demanda, ou seja, há menos disponível no mercado para comprar e mais gente que precisa do produto. Além disso, o Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo e acaba sofrendo um impacto indireto também por conta dos 23% dos produtos importados diretamente do maior país do leste Europeu. As vendas já foram paralisadas diante de uma consequência direta da guerra. A rota dos fertilizantes para chegarem até o Brasil é perigosa, não há transação segura para que os insumos cheguem em terras brasileiras. Em relação aos alimentos, a Rússia e Ucrânia são considerados grandes exportadores de óleo de girassol. Os dois países representam 60% da produção de todo o mundo e ambos são grandes produtores de grãos, como trigo, e isso pode afetar diretamente outras regiões que dependem da commidity vinda da região do Mar Negro. O preço de produtos produzidos com o grão pode encarecer, assim como produtos enlatados, já que a Rússia também detém o fornecimento de grande parte dos metais utilizados ao redor do globo. Latas de alumínio, cabos de cobre e outros componentes de automóveis podem apresentar a reajuste nos valores. Um exemplo é o aumento de 30% desde o início do ano do alumínio e do níquel.
Queda da produção de petróleo russa pode afetar o mercado global
Em 24 de fevereiro, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma operação militar especial na Ucrânia. Sendo o segundo maior exportador de petróleo bruto e refinado, com 7% da oferta mundial, a guerra causa uma alta no preço do commodity extraído em território russo. Desta maneira, haveria escassez por menor oferta russa. Quase um mês depois do início do conflito, no dia 17 de março, o petróleo opera em alta em meio à essa preocupação, ainda mais depois que a Agência Internacional de Energia (AIE) reduziu a projeção de oferta para este ano. As informações de que o Kremlin teria negado os avanços nas negociações por um acordo com a Ucrânia também impulsiona tal aumento no preço. Para saber mais sobre os efeitos da guerra Ucrânia e Rússia, confira as empresas que suspenderam negócios na Rússia devido à guerra. Multinacionais como a Apple, Netflix e Mastercard aplicam sanções para pressionar o governo russo pelo fim do conflito. Fontes: NBC News, Vox