O dia foi escolhido exatamente porque, em 28 de junho de 1969, aconteceu a Revolta de Stonewall, um importante marco na história da luta LGBTQ+ em busca por igualdade e pelo fim da repressão. Para celebrar esse mês que é tão importante, separamos aqui alguns filmes de ícones da comunidade, assim como documentários para entender melhor a revolta e a importância da luta LGBTQ+. Até hoje, as pessoas que fazem parte da sigla pedem muito pouco, mesmo com gente dizendo que eles querem “muito”: eles só querem respeito e direitos, principalmente o de poder ser quem eles realmente são. Se você não se considera LGBTQ+, também é importante saber da luta para que você possa apoiar e ajudar na busca por igualdade para todos. Por isso, recomendamos que você comece vendo os filmes e conversando com os seus amigos que fazem parte da comunidade.
A Revolta de Stonewall e o Dia Internacional do Orgulho LGBTQ+
Em pleno 2019, a homofobia mata: segundo dados do UOL, o Brasil registra uma morte por homofobia a cada 16 horas. Já de acordo com relatório da ONG Transgender Europe, o Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais no mundo. Esse números reforçam a importância da luta por direitos das pessoas LGBTQ+. Eles estão morrendo por se expressarem e querem ser quem são. Isso faz com que seja, sim, importante ter um dia para celebrar o orgulho de se levantar e lutar sendo LGBTQ+ em um país que mata tanto as pessoas que compõe a sigla. E por que esse dia é o dia 28 de junho? Porque, como dito acima, foi quando ocorreu a Revolta de Stonewall. Se em 2019 esses números são alarmantes, podemos imaginar como a sociedade preconceituosa e conservadora reagia diante qualquer sinal de diversidade na década de 60. Era comum que policiais fossem até bares conhecidos por serem frequentados por homens gays, mulheres trans e mulheres lésbicas exatamente para espancá-los, deixando as pessoas que só queriam se divertir em um bar à beira da morte em becos e ruas da cidade. No dia 28 de junho de 1969, as pessoas LGBTQ+ que estavam no bar chamado Stonewall foram agredidas pelos policiais, mas com uma diferença: foi a primeira vez que eles se levantaram contra os policiais e lutaram de volta. Esse foi o primeiro ato explicito de resistência da comunidade contra a repressão, o que fez que junho se tornasse o mês do Orgulho LGBTQ+. Agora, 50 anos depois, mais do que nunca é importante entender a luta e a resistência por igualdade em um mundo de discriminação contra a diversidade sexual. Por isso, confira essa lista de filmes sobre acontecimentos e ícones da história, além de documentários que retratam o que é fazer parte da comunidade tanto antigamente quanto nos dias de hoje. Vale lembrar que existe um filme de 2015 chamado de Stonewall: Onde o Orgulho Começou. No entanto, esse longa ficou fora da lista pois é acusado pela comunidade de ter transformado muitos dos protagonistas do movimento e da identidade histórica da revolta, trocando as mulheres trans negras por jovens brancos e heteronormativos como os verdadeiros responsáveis pelo começo da luta. É importante também ressaltar a importância da representatividade no cinema. Segundo dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation) em 2017, dos 109 filmes produzidos de Hollywood, apenas 14 tinham personagens LGBTQ+, sendo a maioria estrelado por homens gays; mulheres lésbicas estavam apenas em cinco filmes; e bissexuais, somente em dois filmes.
Before Stonewall (1984)
Este documentário britânico fala sobre os eventos que antecederam a Revolta de Stonewall, como a dura repressão policial e as expressões marginalizadas da cultura LGBTQ+. O filme ganhou um Emmy, inclusive.
Stonewall Uprising (2010)
Este outro documentário mais recente aborda os acontecimentos de Stonewall com entrevistas de veteranos que sentiram na pele a dura repressão dos anos 60.
The Life and Death of Marsha P. Johnson
Feito pela Netflix, este documentário relata a vida e a morte da lendária ativista trans Marsha P. Johnson. Falando sobre sua importância história e a trágica morte, o longa retrata uma das verdadeiras ativistas que atuaram na Revolta de Stonewall.
Pay It No Mind: The Life and Times of Marsha P. Johnson (2012)
Este outro documentário também fala sobre a icônica Marsha P. Johson e sua luta pelos direitos LGBTQ+ nos Estados Unidos na década de 60.
Sylvia Rivera – A Tribute (2011)
Esse mini documentário (mini mesmo, só tem 25 minutos) fala sobre outra participante da Revolta de Stonewall e considerada a fundadora da luta transexual: Sylvia Rivera.
Milk (2008)
Estrelado por Sean Penn, este filme relata a vida do político norte-americano Harvey Milk, o qual é considerado um ícone LGBTQ+, pois foi o primeiro homem assumidamente gay a ser eleito na política dos Estados Unidos, nos anos 70.
Lisa y Marcela (2019)
Baseado em uma história real, esse longa disponível na Netflix fala sobre a vida de Elisa Sánchez Loriga, uma mulher que adotou uma identidade masculina para poder se casar com a amada, Marcela Gracia Ibeas, na Espanha, em 1901.
Pride (2014)
Durante a greve da União Nacional de Mineiros no governo de Maragaret Thatcher, no Reino Unido, um grupo de ativistas gays decide arrecadar dinheiro para apoiar as famílias dos mineiros grevistas, mesmo que os mineiros pareçam um pouco envergonhados com o apoio. O filme retrata esse episódio, estrelado por Bill Nighy, Imelda Staunton e Andrew Scott, recentemente visto em Black Mirror.
Strike a Pose (2016)
Madonna é considerada uma grande aliada na luta LGBTQ+, uma grande ativista de direitos humanos e que luta contra valores conservadores desde que começou sua carreira. Neste documentário, os dançarinos que acompanharam Madonna na década de 90 contam como era ser gay na época e como foi estar tão perto da rainha do pop.
Game Face (2015)
Este documentário mostra a homofobia e a transfobia dentro do esporte ao olhar os desafios da lutadora de MMA Fallon Fox, uma mulher trans, e do jogador gay de basquete Terrence Clemens.
Oriented (2016)
Khader Abu Seif, Fadi Daeem e Naeem Jiryeshe, três homens gays que moram em Tel-Aviv, em Israel. Eles se juntaram para criar uma produtora independente que, com clipes sobre a luta de ser gay em uma cultura heteronormativa de casamentos arranjados, luta contra a homofobia e preconceito – a história dos três e sua importância para os direitos LGBTQ+ em Israel viraram este documentário de 2016.
Larte-se (2017)
Feito pela premiada jornalista Eliane Brum, este documentário mostra uma conversa nua com a cartunista Laerte. Além de mostrar o cotidiano da cartunista e sua relação com as pessoas ao redor, o documentário também explora a mudança pela qual Laerte passou: quase 60 anos se expressando e sendo identificada como homem até que decidiu revelar e abraçar completamente sua verdadeira identidade de gênero.
The Pearl of Africa (2016)
Cléopatra Kumbugu, uma mulher trans de Uganda, teve que fugir de seu país após ter seu nome divulgado no jornal que “denunciava” homossexuais no país. Atualmente, ela mora no Quênia e luta pelo reconhecimento dos direitos LGBTQ+ em Uganda, sua terra natal e um dos países mais homofóbicos do mundo.
Divinas Divas
Dirigido por Leandra Leal, esse documentário traz uma visão intimista das primeiras transformistas e artistas travestis do Brasil: Rogéria, Valéria, Jane di Castro, Camille K., Fujica de Holliday, Eloína, Marquesa e Brigitte de Búzios.
Bridegroom
A história de Shane Crone é relatada neste documentário; ele perdeu o marido, Tom Bridegroom, mas como não eram casados oficialmente (pois casamento gay não era legalizado), o viúvo foi impedido de comparecer ao funeral de Tom e de guardar qualquer recordação dele.
Amor por Direito (2015)
Estrelado por Juliane Moore e Ellen Page, este filme mostra o casal Laurel e Stacie. Quando Laurel descobre que tem uma doença terminal, ela tenta fazer com que sua esposa recebe a pesão dada para os cônjuges de policiais, mas as autoridades recusam o pedido. Elas então começam a lutar para possuírem os mesmo direitos que qualquer outro casal heterossexual.
Freeheld (2007)
Esse documentário retrata a história rela de Laurel e Stacie, que inspirou Amor por Direito. O longa retrata, de maneira cronológica, a luta judicial de Laurel e o avanço de sua doença terminal, com câncer no cérebro. Além da disputa, as duas também precisam lidar com a exposição na mídia e o medo de perder uma a outra.
Mala Mala (2014)
Mala Mala retrata as jovens transexuais e drag queens de Porto Rico. No filme, os diretores Dan Sickles e Antonio Santini apresentam 8 mulheres trans e 1 homem trans para mostrar a diversidade dentro da comunidade latino-americana, que é muito transfóbica. Este filme de personalidades LGBTQ+ também mostra April Carrion, conhecida por ter participado do reality show RuPaul’s Drag Race.
Paris is Burning (1980)
Esse clássico fala sobre o primeiro auge do movimento drag nos anos 80. Em Nova York, drag queens e travestis enfrentam a pobreza e o surto de HIV, mas continuam com bailes, desfiles, vogue e uma contribuição histórica e cultural gigantesca tanto para a comunidade LGBTQ+ quanto para quem não faz parte dela.
Philadelphia (1993)
Philadelphia retrata o surto da AIDS em um filme que rendeu o primeiro Oscar de Melhor Ator para Tom Hanks. O filme é baseado na história real dos advogados Geoffrey Bowers e Clarence B. Cain, dois homens que foram demitidos por terem contraído a doença e foram à justiça lutar contra a descriminação contra pessoas LGBTQ+, que eram os principais afetados pela doença na época (vale ressaltar que não eram os únicos e que esse estereótipo teve um efeito tão forte que pessoas que mantém relações sexuais com outros do mesmo sexo não podem doar sangue, por exemplo).
Desobediência (2018)
Baseado no livro de Naomi Alderman, este filme e conta a história de Esti e Ronit, amigas de infância que eram apaixonadas. Após a morte do pai, Ronit volta para a comunidade judaica ortodoxa da qual fugiu e reencontra Esti, casada com seu primo. A reaproximação das duas concretiza o romance proibido que começou quando eram mais jovens, retratando a luta de ser LGBTQ+ em uma comunidade conservadora.
Priscila, a Rainha do Deserto (1994)
Esse filme deveria estar na lista de todo mundo. Emocionante e com momentos de comédia, o longa retrata a viagem de três drag queens pelo deserto, abordando temas como preconceito, luta de direitos, ser LGBTQ+ numa época ainda mais conservadora e as glamurosas apresentações da arte de fazer drag.
Flores Raras (2013)
Baseado na história real da arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires) e Elizabeth Bishop (Miranda Otto), poetisa norte-americana, este filme retrata ser lésbica durante o golpe militar e o governo de Carlos Lacerda no Rio de Janeiro (então Estado da Guanabara) nos anos 60.
Uma Mulher Fantástica
Este filme chileno retrata a história de Marina, uma mulher trans que precisa enfrentar o preconceito da família do ex-companheiro, sendo impedida até de ir no velório do amado. Estrelado por Daniela Vega, este filme ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, anunciado por Rita Moreno (que vibrou quando leu a vitória). Daniela, inclusive, é a primeira mulher trans a subir no palco do Oscar.
Pariah (2011)
Dirigido por Dee Rees – que foi a primeira mulher negra na história do Oscar a concorrer na categoria de Melhor Roteiro adaptado por Lágrimas Sobre o Mississipi -, o filme fala sobre Alike, uma adolescente que está descobrindo sua sexualidade e se tornando adulta. Enquanto enfrenta a pressão familiar para corresponda às expectativas, ela ainda precisa lidar com a construção das suas próprias expectativas para si mesma. O longa retrata a dificuldade em construir uma identidade na adolescência e o descobrimento da sua orientação sexual. Neste finalzinho de junho, vamos celebrar a vida e as pessoas que lutaram e continuam lutando por um mundo melhor. Deixe nos comentários se você curtiu a lista e também se tiver recomendações que não colocamos. Feliz Dia Internacional do Orgulho LGBTQ+.